Em grande parte das empresas brasileiras, especialmente de natureza familiar ou fundada por um grupo restrito de sócios, encontra-se uma dinâmica preocupante: a imersão excessiva dos proprietários no trabalho operacional diário. Muitas vezes, os sócios se encontram tão imersos nesse contexto que mal conseguem vislumbrar as estratégias de crescimento e inovação para o futuro. Nesse contexto, no entanto, a adoção de práticas de governança corporativa pode permitir que os donos se libertem das tarefas operacionais e se concentrem na gestão estratégica do negócio, buscando crescimento e inovação no médio e longo prazo.
De acordo com a Serasa Experian, entre janeiro e julho desse ano, houve uma alta de 38% no número de pedidos de falência no Brasil. Foram 2.504 requisições contra 1.807 no mesmo período do ano passado. Esses números evidenciam a fragilidade das corporações que não se adaptaram ou não se ajustaram às demandas do mercado, e ressaltam a necessidade urgente de as companhias buscarem soluções para garantir estabilidade e crescimento.
“A governança corporativa traz transparência nas operações, aumentando a confiança de investidores, clientes e parceiros, gerando responsabilidade e garantindo que as escolhas sejam feitas considerando os interesses de todos os envolvidos. Além disso, ajuda a identificar e gerir riscos, prevenindo problemas que podem prejudicar a empresa”, afirma o advogado Breno Garcia de Oliveira, do escritório GDO Advogados.
A governança corporativa fornece estruturas e processos que buscam melhorar o desempenho da empresa. Isso inclui a definição clara de papéis e responsabilidades, a criação de comitês de gestão, a transparência nos processos decisórios e a prestação de contas. Tudo baseado nos cinco princípios previstos no código de melhores práticas de governança corporativa, do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa: integridade, transparência, equidade, responsabilização e sustentabilidade.
“A cultura organizacional também desempenha um papel crucial, promovendo ética e integridade em todos os níveis da empresa. Isso se complementa com a educação e o treinamento contínuos para diretores, gerentes e funcionários, assegurando que todos entendam e cumpram suas responsabilidades. É necessário avaliação e melhoria contínuas, adaptando-se a novos desafios e mudanças no ambiente de negócios”, complementa o advogado.
As práticas de governança corporativa fortalecem a saúde e a estabilidade das empresas. Além disso, contribuem para a criação de um ambiente favorável ao desenvolvimento sustentável, à atração de investimentos e à manutenção de uma confiança sólida no mercado.