Governo Bolsonaro usou aparelho do Estado para intimidar oposição, diz Randolfe

Senador Randolfe Rodrigues foi um dos espionados pela "Abin paralela", segundo a Polícia Federal; outros parlamentares, ministros do STF e jornalistas também foram monitorados ilegalmente

Da redação

O líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP) afirmou nesta quinta-feira (11), durante entrevista coletiva no Senado Federal, que o governo de Jair Bolsonaro "usou aparelho do Estado para tentar intimidar a oposição".  

Entre os parlamentares espionados estão o próprio Randolfe, o senador Omar Aziz (PSD-AM) e o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL).

O aparelho do Estado foi usado para monitorar cidadãos e para tentar intimidar a oposição ao regime anterior. A continuação do regime anterior representaria a ruptura em definitivo da democracia brasileira

Segundo informações da PF, além do monitoramento ilegal, houve a "criação de perfis falsos e a divulgação de informações sabidamente falsas".  A jornalista e colunista da BandNews FM Mônica Bergamo também foi espionada ilegalmente.

"Nós estamos diante do que considero ser o mais grave crime contra as instituições democráticas brasileiras e o maior aparato de espionagem contra a vida privada de cidadãos que se tem notícia na história nacional", disse Randolfe.

O deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) é apontado pela PF como o responsável pela "Abin paralela". Ramagem, aliado e amigo da família Bolsonaro, foi diretor da Abin de 2019 a 2022 e é pré-candidato à prefeitura do Rio de Janeiro.  

Para Randolfe, se comprovado o que consta na investigação, Ramagem agiu "como um verdadeiro chefe da Gestapo do governo anterior".  

"Quanto às investigações, espero que ocorram com a tranquilidade necessária garantindo ampla defesa e contraditório, mas um crime dessa gravidade não pode deixar de ser apurado e punido com o rigor necessário que o estado democrático de direito assim pede", disse o senador.  

No X, antigo Twitter, Randolfe afirmou que, além de atentar contra a saúde pública durante a pandemia, o ex-presidente também atentou "contra o povo brasileiro ao se valer de arapongagem para tentar descredibilizar e prejudicar seus representantes democraticamente eleitos que trabalhavam dia e noite para garantir a vacinação num país onde mais de 3000 famílias choravam a morte dos seus todos os dias."

Operação Última Milha

A PF deflagrou nesta quinta a 4ª fase da Operação Última Milha. Os agentes cumpriram cinco mandados de prisão preventiva e sete de busca e apreensão, nas cidades de Brasília, Curitiba, Juiz de Fora (MG), Salvador e São Paulo.

As investigações apontam que a "organização criminosa acessou ilegalmente computadores, aparelhos de telefonia e infraestrutura de telecomunicações para monitorar pessoas e agentes públicos". 

O ministro do STF Alexandre de Moraes autorizou as diligências do caso. Os investigados podem responder pelos crimes de organização criminosa, tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, interceptação clandestina de comunicações e invasão de dispositivo informático alheio.

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