A secretária de Saúde de Coari, onde morreram sete pessoas em um dia por falta de oxigênio, afirma que o governo do Amazonas barrou a chegada de novos cilindros na cidade.
Segundo Francisnalva Rodrigues, o município se preparou para enfrentar a Covid-19 e aumentou a capacidade de receber os equipamentos.
Inicialmente, o abastecimento vinha da White Martins (principal empresa que fornece cilindros no Amazonas) por contrato com o governo estadual, já que a competência não é municipal.
Porém, como não havia cilindros suficientes, ela disse que Coari optou por fazer a compra por conta própria em maio.
Segundo Francisnalva Rodrigues, em um primeiro momento, o estado reteve cerca de 130 unidades para redistribuir na capital Manaus e não encaminhou a Coari para que a cidade tivesse uma reserva técnica.
Além disso, a secretária afirmou que foram comprados cilindros emergenciais.
Porém, para encher as unidades com oxigênio em uma das três usinas possíveis, o governo do estado “disse que iria regular isso e colocou polícia” nas três empresas.
Ou seja, Francisnalva Rodrigues alegou que não conseguiu abastecer a reserva técnica comprada como plano B depois da retenção de cilindros por parte do Estado.
“Imagina que eu compro mais de 200 cilindros e coloco à disposição do município, o estado vem e retém 130. Depois, eu compro cilindros a mais para equipar a rede privada nas três usinas de gás que temos aqui. O que o governo fez: disse que ia regular e mandou a polícia militar. A PM estava na Carbox, na Nitron e também na White Martins, o que não me permitia comprar”.
A secretária completou: “eles retiveram os cilindros para distribuir na capital, eu comprei mais cilindros para abastecer a rede privada e não consegui porque o governo disse que ia regular”.
Por fim, Francisnalva falou sobre um plano C.
Segundo ela, foram encomendados cilindros de Belém.
O lote chegou hoje às 17h, entretanto, de acordo com a secretária, o governo do Amazonas não enviou as unidades a Coari, sendo que seria o responsável pela logística.
Emocionada, ela fez um desabafo: “eu tenho toda a documentação, tudo que era possível fazer, todas as opções que eu dei pro estado, eles não cumpriram. É muito difícil fazer saúde no interior do Amazonas. Eu não consigo entender o que se passa na cabeça do governo do estado para reter cilindros de um município a 360 quilômetros de Manaus”.