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Governo federal foi alertado sobre possibilidade de incêndio na Cinemateca

Fogo destruiu parte de acervo da produção audiovisual brasileira

Narley Resende

MPF avisou governo federal sobre possibilidade de incêndio  Reprodução/Twitter @CarlosPiazza
MPF avisou governo federal sobre possibilidade de incêndio
Reprodução/Twitter @CarlosPiazza

O governo federal foi alertado, em diversas ocasiões, sobre o risco de incêndio na Cinemateca Brasileira.  

Diante da falta de resposta, o Ministério Público Federal (MPF) foi quem fez o aviso mais recentemente, no dia 21 de julho, em audiência de ação movida pela Procuradoria contra a União.  

O processo por "abandono da estrutura e do acervo da instituição responsável pela preservação e difusão da produção audiovisual brasileira" começou a tramitar em julho de 2020.  

Na ocasião, o MPF já apontava para o risco do corte de verbas, que poderia causar "problemas graves".  

No texto, a Procuradoria afirmava que a situação era "preocupante", já que a Cinemateca poderia "perder ou ver danificado todo o acervo", caso ocorresse "um corte de energia ou uma falha no ar condicionado".  

O MPF avisava também que "os filmes em nitrato de celulose lá armazenados, altamente inflamáveis", poderiam "entrar em combustão espontânea e ocasionar um incêndio".  

Uma avaliação preliminar do Corpo de Bombeiros aponta que o incêndio que destruiu parte do prédio nessa quinta-feira (29) à noite começou justamente em um aparelho de ar condicionado e que se espalhou para os filmes altamente inflamáveis.  

Ainda antes do MPF, o grupo "Cinemateca Viva", formado por artistas e amantes da arte, já anunciava o risco iminente de incêndio no acervo.  

Integrante da organização, Paula Britto Agliardi afirma que as perdas são irreparáveis.  

Há cinco anos, outro incêndio também consumiu parte do acervo da instituição, queimando cerca de quinhentas obras audiovisuais.  

Paula aponta que a inoperância do governo federal pode ter contribuído com uma nova tragédia anunciada.  

Segundo ela, os alertas foram feitos em sequência e também por meio de mobilizações públicas.  

Por meio de nota, a Secretaria Especial da Cultura afirma "o sistema de climatização do espaço passou por manutenção há cerca de um mês".

A secretaria também diz que "solicitou apoio à Polícia Federal" para investigar o caso.  

O incêndio começou nessa quinta-feira (29) por volta das 18 horas, em um dos galpões de conjunto, de 6 mil metros quadrados de área construída, onde parte do acervo da Cinemateca Brasileira é guardado, na Vila Leopoldina, na Zona Leste da capital paulista.  

A sede da Cinemateca Brasileira fica na Vila Mariana, na Zona Sul.  

O fogo foi controlado por volta das 19h40.

Não há registro de feridos.