Motta diz que PEC da Anistia do 8 de janeiro precisa ser "discutida com cautela" na Câmara

Em entrevista à BandNews FM, novo presidente da Câmara também falou sobre pautas como o aborto

Da redação

Novo presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB) disse em entrevista ao Entre Nós, da BandNews FM, nesta terça-feira (4), que a pauta da anistia aos envolvidos nos ataques de 8 de janeiro de 2023, em Brasília, vai ser tratada com ‘muita responsabilidade’. Motta afirmou na entrevista que o tema é ‘relevante e sensível’, mas que será tratado pelos líderes da Câmara.

"É uma pauta que divide a Casa, todos nós sabemos que o PL tem o interesse que a anistia seja pautada, e o PT e os partidos de esquerda não têm interesse. O que eu tenho dito: o presidente não decide sozinho acerca de tudo que vai ser votado na Casa. Nós dividimos essas decisões com o colégio de líderes, que é quem estabelece os projetos que deverão ser votados, com anuência do presidente”, iniciou Hugo Motta.

“Como esse projeto tem uma grande polêmica entorno dele, que traz uma tensão com os demais poderes, devemos ter muito cuidado, é um tema muito sensível, para que isso não possa atrapalhar o diálogo. Enquanto presidente da Casa, eu também não posso ignorar uma pauta do maior partido da Casa, que é o PL. Então nós vamos conduzir com muita responsabilidade, sem arroubos, para que a votação não venha a atrapalhar o relacionamento que deve sempre existir entre os poderes”, disse.

Hugo Motta foi entrevistado nesta terça (4) pelos âncoras Adriana Araújo e Renan Sukevicius, além dos repórteres Túlio Amâncio e João Pedro Melo, diretamente de Brasília, e tratou sobre alguns temas relacionados ao Congresso.

O novo presidente da Câmara dos Deputados afirma que o STF e o Congresso não terão dificuldades em discutir a transparência das Emendas Parlamentares, e que é preciso garantir um modelo que possa certificar a rastreabilidade das verbas.

Perguntado sobre a influência do ex-presidente da Casa, Arthur Lira, Hugo Motta disse que é importante ouvir a todos e que Lira é um dos mais experientes.

Sobre uma possível Reforma Ministerial, o parlamentar afirmou que não cabe ao presidente da Câmara opinar e que o governo Lula precisa avaliar se os ministros devem ser trocados ou não.

Hugo Motta foi eleito presidente da Câmara dos Deputados no último sábado (1º). O paraibano de 35 anos terá um mandato até 2027 e poderá disputar a reeleição.

Ele teve 444 votos na eleição do fim de semana, mas não bateu o recorde da reeleição de Arthur Lira em 2023, quando teve 464 votos. A maior dúvida na eleição era se o novo presidente da Câmara bateria ou não a marca de Lira.

Motta diz que vai evitar pautas polêmicas, como o aborto

Hugo Motta também afirmou que pautas de costumes serão evitadas ao máximo, já que dividem a Casa e impede outros temas de avançar no Congresso.

“Nós temos uma legislação vigente no país, que tem as possibilidades onde o aborto é permitido, como em caso de estupro. Qualquer mudança que você faça nessa legislação, sempre vai gerar uma polêmica muito grande. Eu sempre digo que pautas de costumes muitas vezes nos demandam muita energia e nós, no final do dia, não conseguimos produzir algo que o país precise”, disse o novo presidente da Câmara.

“Temos que ter o cuidado e também o receio de não deixar que essas pautas contaminem todas as outras pautas que poderiam estar sendo tratadas. Quando trazemos pautas de costumes, acaba, de certa forma, atrapalhando o dia a dia da Casa. Da nossa parte, nós vamos evitar o máximo possível entrar em pautas desse sentido, porque entendemos que o foco deve ser outro, como economia. Penso eu que o Congresso pode colaborar muito mais com o país de outra forma”, acrescentou.

"Haddad fica vencido no governo", diz Motta

O novo presidente da Câmara também falou sobre a relação com o governo e o preisdente Lula, e fez elogios ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Na visão do deputado do Republicanos, Haddad fica “vencido por decisão política interna do governo”.

“Temos relação de proximidade com o ministro Haddad, mesmo antes de se falar da candidatura à presidência da Câmara. Entendemos que o ministro Haddad vem cumprindo o seu papel dentro do governo. Onde é que eu acho que às vezes tem um ruído? É que a agenda do Haddad, que quer tratar um pouco mais firme da responsabilidade fiscal, discutir a questão do corte de gastos, de despesas, fica vencida por decisão política interna do governo”, disse.

“Os deputados têm a consciência de que é o momento de o governo fazer o dever de Casa, discutir onde vai cortar um pouco os gastos, segurar um pouco as despesas, é a sinalização que o setor precisa para entender que a responsabilidade fiscal é um pilar importante para o governo. Se isso vier a acontecer, penso que vamos conseguir normalizar um pouco a instabilidade tivemos no final do ano, com o dólar disparando, a taxa de juros crescendo”.

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