A delegação da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) chegou nesta quarta-feira (31) à cidade de Zaporizhzhia, no sul da Ucrânia. O objetivo da visita é realizar uma inspeção na maior usina nuclear da Europa.
Russos e ucranianos têm trocado acusações sobre a responsabilidade por bombardeios realizados na região. Autoridades internacionais alertam para o risco de uma catástrofe atômica.
A delegação é composta por 14 especialistas e viajou em um comboio de quase 20 caminhões brancos identificados com o nome da ONU e uma ambulância. Eles deixaram a capital Kiev e viajaram cerca de 10 horas na direção sudoeste. Nesta quinta (01), a equipe de especialistas deve cruzar o Rio Dniepre até a usina nuclear, em território sob comando russo.
“É uma missão que visa evitar um acidente nuclear e preservar esta importante usina nuclear, a maior da Europa”, disse Rafael Grossi, chefe da agência da ONU.
Não há confirmação de quanto tempo a visita deve durar, mas declarações de Grossi indicam que há planos de estabelecer uma missão permanente de monitoramento. No entanto, o governador regional nomeado pela Rússia, Yevhen Balytskyi, garantiu que a equipe passaria apenas 24 horas no local.
Terceiro maior complexo nuclear do mundo, Zaporizhzhia abriga seis dos 15 reatores ucranianos, com capacidade de fornecer energia a 4 milhões de residências. A usina foi ocupada pelos russos no início de março, quando instalações chegaram a ser danificadas por foguetes e disparos de artilharia, mas não houve danos nos reatores em operação.
Mesmo sob controle russo, o complexo é operado por funcionários ucranianos, que, de acordo com relatos de Kiev, trabalham em regime de “semiliberdade”. Estima-se que 500 militares russos estejam na central, também usada como local de armazenamento de armas e equipamentos de combate.
Apesar das divergências entre Rússia e Ucrânia, os dois lados apoiam a missão. Na terça-feira (30), o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse estar "muito grato" pela visita e alertou que a situação ao redor da usina era "extremamente ameaçadora". Já o Kremlin chamou a visita de "necessária" e pediu à comunidade internacional que pressione a Ucrânia a parar de pôr a usina em risco.