O vitiligo é condição que afeta cerca de 95 milhões de pessoas em todo o mundo, sendo mais de 1 milhão apenas no Brasil. No podcast "Pretoteca" da Band News FM, Larissa Alves entrevistou Vitor Macedo, músico e modelo, que compartilhou suas experiências pessoais e reflexões sobre os estigmas e preconceitos enfrentados por quem vive com vitiligo.
Vitor descobriu que tinha vitiligo aos cinco anos: "Inicialmente, minha mãe pensou que fosse uma manchinha devido ao cloro da piscina, mas logo depois veio o diagnóstico”. Ele lembra que, apesar de muito jovem, já notava a transformação das pequenas manchas em áreas maiores de despigmentação.
Receber o diagnóstico de vitiligo pode ser um momento crítico, especialmente se não houver empatia e compreensão por parte dos profissionais de saúde. O modelo ressaltou a importância de ser acolhido e ouvido: "Se o médico não estabelecer uma relação empática, isso pode causar trauma e dificultar o processo de aceitação."
Para Vitor, a presença de uma rede de apoio foi fundamental. "Minha família sempre me acolheu muito bem, e na escola também tive suporte, o que foi crucial," afirmou. Ele destacou que estar cercado por pessoas que não viam o vitiligo como uma doença ajudou na construção de uma visão positiva sobre sua condição.
Conscientização nas Redes Sociais
A transição de Vitor para um ativista nas redes sociais começou inesperadamente. "Fui convidado para um ensaio fotográfico de um projeto que celebra a diversidade de peles. Isso me fez ver o vitiligo de uma maneira diferente," relembrou.
A partir desse momento, ele começou a compartilhar suas fotos nas redes sociais e rapidamente atraiu seguidores que se inspiravam em sua atitude positiva.
"Recebi muitas mensagens de pessoas com vitiligo que se sentiam inspiradas a aceitar sua condição. Queria mostrar que o vitiligo pode ser visto com um olhar empoderador e estético”, disse.
"Comecei a falar sobre vitiligo não apenas como uma condição médica, mas como um símbolo de diversidade e beleza" afirmou. Para ele, o vitiligo é uma característica que pode ser celebrada e não escondida.
O músico relembrou que, em sua juventude, não tinha muitas referências positivas sobre o vitiligo. "Nos anos 90, o Michael Jackson era a figura mais conhecida com vitiligo, mas isso vinha carregado de preconceito. As pessoas achavam que ele queria negar sua identidade negra," disse.
Por isso, ele ressaltou a importância de novas figuras públicas, como Natália Deodato, do Big Brother Brasil e a modelo americana Winnie Harlow, que estão ajudando a mudar essa narrativa.
Apesar dos avanços, Vitor reconhece que ainda há muito trabalho a ser feito para combater o estigma associado ao vitiligo. "A linguagem médica muitas vezes trata o vitiligo como uma doença que precisa ser curada, mas quem convive com a condição geralmente não se sente doente," explicou.
Ele enfatizou que o preconceito é uma construção social e que a aceitação começa internamente, mas é fortalecida pela comunidade. “Precisamos continuar a educar as pessoas e promover uma visão positiva e empoderadora sobre o vitiligo”, completa.