A tragédia em São Sebastião, no litoral norte paulista, completa um mês neste fim de semana e moradores ainda aguardam respostas por parte das autoridades. Durante o Carnaval, na madrugada do dia 19 de fevereiro, choveu 683 milímetros em 24 horas, o volume foi o maior da história do Brasil. Na tragédia, 65 pessoas morreram, sendo 64 na Vila do Sahy, em São Sebastião. Agora, um mês depois da tragédia, reconstrução é a palavra que norteia as autoridades e os moradores.
Heder Pickler vive em Juquehy há mais de trinta anos e teve a casa engolida pela lama. Ele e outras 85 famílias se cadastraram demonstrando interesse em se mudar para Bertioga. Segundo o governo, as unidades habitacionais vão servir de abrigo provisório aos afetados, até que novas moradias sejam construídas na vizinha São Sebastião.
Um outro acordo, com parceria público-privada, tem realocado os moradores em hotéis. Em entrevista à BandNews FM, o secretário estadual de Desenvolvimento Urbano e Habitação, Marcelo Branco, adianta que os terrenos para a construção de moradias definitivas já foram escolhidos, mas as obras, de fato, ainda não começaram.
Em meio às incertezas, uma briga política trava outros três projetos importantes na Câmara Municipal de São Sebastião: um empréstimo junto à Caixa, a anistia de multas e juros que envolvem o enfrentamento à crise e a contratação emergencial de moradores para ajudar na reconstrução da cidade.
Entre as iniciativas, uma coisa em comum: nenhuma foi aprovada até agora. Em entrevista exclusiva à BandNews FM, o prefeito de São Sebastião, Felipe Augusto, diz não entender a burocracia em um momento como esse. Segundo ele, o município vive um momento financeiro delicado, não tendo verbas sequer para arcar com o salário do quadro de funcionários.
A reportagem também ouviu o presidente da Câmara Municipal de São Sebastião. Em resposta, Marcos Fuly acusa o prefeito de falta de transparência e nega motivação política na demora da análise dos projetos. Ele contraria o prefeito e defende que São Sebastião é um município bilionário e novos empréstimos podem ser permitidos, desde que os gastos sejam esclarecidos pela gestão municipal.
Após o atendimento às vítimas, a prioridade é a prevenção de novas tragédias. O geólogo do IPT (Instituto de Pesquisas Técnológicas de São Paulo), Marcelo Gramami, explica que, até que as obras sejam concluídas, tragédias como a do Carnaval podem voltar acontecer. Segundo ele, os próximos anos devem ser difíceis para a região, com novas chuvas fortes.