MPF denuncia assessor de Bolsonaro por ato racista

Filipe Martins realizou um gesto ligado aos supremacistas da extrema-direita em sessão no Senado

Rádio BandNews FM

Investigadores concluíram que Martins agiu intencionalmente  Foto: Reprodução/TV Senado
Investigadores concluíram que Martins agiu intencionalmente
Foto: Reprodução/TV Senado

O Ministério Público Federal no Distrito Federal denunciou nesta quarta-feira (09) Filipe Martins, assessor internacional da Presidência da República, por realizar um gesto ligado aos grupos supremacistas de extrema-direita em uma sessão no Senado em março deste ano.

O MPF realizou uma perícia no vídeo em questão e apontou que as justificativas do assessor não se confirmavam com os fatos.

O gesto em questão é uma espécie de sinal de OK com os dedos, que faz menção direta a expressão "White Power", ou Poder Branco, utilizada por grupos racistas e neo-nazistas.

O assessor afirmou que, naquele momento, estava mexendo na lapela do terno e, em depoimento à Polícia Legislativa do Senado, negou que estava praticando um gesto supremacista. Mas investigadores concluíram que Martins agiu intencionalmente.

Segundo o MPF, Filipe tinha "consciência do conteúdo, do significado e da ilicitude" do gesto e os peritos apontaram que ele não tocou na lapela do terno, o que desacredita a versão apresentada pelo assessor em depoimento.

Martins vai responder de acordo com a lei de crimes raciais, por ter "praticado e induzido a discriminação e o preconceito de raça", o que pode gerar a prisão dele, o pagamento de uma multa de 30 mil reais e a perda do cargo que ocupa.

GESTO

No dia 24 de março, o assessor acompanhou o então ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, em uma sessão do Senado que tratava da ação do ministério para a facilitação da importação de vacinas e insumos para o combate da Covid-19.

Enquanto o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), discursava, Martins fez com a mão um símbolo de "ok", usado por supremacistas brancos.

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) identificou e acreditou ser a princípio um gesto obsceno, mas posteriormente foi revelado que seria um aceno racista de extrema direita.

Martins justificou dizendo que estava apenas ajeitando a lapela do paletó, mas a perícia identificou que ele troca mensagens no celular antes de fazer o gesto por duas vezes e olha diretamente para a câmera que transmitia a sessão.