Mudança no comando da Petrobras pode alterar política de preços da estatal

Caio Mario Paes de Andrade foi indicado para o lugar de José Mauro Ferreira Coelho

Alessandro Di Lorenzo, Augusto Valle e Bruno Capozzi

Caio Mario Paes de Andrade será o quarto presidente da Petrobras no governo Bolsonaro Fernando Frazão/Agência Brasil
Caio Mario Paes de Andrade será o quarto presidente da Petrobras no governo Bolsonaro
Fernando Frazão/Agência Brasil

Ainda não há data para que o Conselho de Administração da Petrobras analise o nome de Caio Mário Paes de Andrade, indicado pelo Governo Federal para o comando da Petrobras. Ele é auxiliar do ministro Paulo Guedes no Ministério de Economia, onde ocupava o cargo de secretário especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital.

Nesta segunda-feira (23), o Ministério de Minas e Energia anunciou a saída de José Mauro Ferreira Coelho, que ficou apenas 40 dias no cargo. Antes dele, Roberto Castello Branco e Joaquim Silva e Luna também presidiram a estatal e acabaram demitidos. O professor e coordenador em grupo de energia e regulação da Universidade Federal Fluminense, Luciano Losekan, entende que nada mudou durante a gestão de José Mauro Ferreira Coelho. A nova troca também tem a ver com alta de preços dos combustíveis:  “não teve nenhum fato novo, nenhuma mudança que justificasse a modificação. Isso mostra um descontrole e uma falta de estratégia para uma empresa tão importante para o governo".

A colunista de economia da BandNews FM avalia que a mudança de comando pode, sim, trazer algumas alterações na política de preços da Petrobras: “a mudança vai no sentido de: a Petrobras, na prática, é monopolista e não tem necessidade de praticar os preços atrelados ao mercado internacional tão rapidamente. Eles acham que a paridade internacional precisa continuar, mas não precisa ter reajuste tão próximo. Acham que tem que ser espaçado. O que eu ouço ali no Ministério da Economia é que, se o petróleo está variando de 100 a 110 dólares, pra que ficar subindo e descendo o tempo todo e não esperar de forma mais espaçada para tomar a decisão de aumentar ou reduzir preço”. 

Para o cientista político e colunista da BandNews FM Fernando Schuler, caso a política de preços da Petrobras seja alterada, a empresa vai sair prejudicada: “isso significa derrubar o preço das ações da Petrobras e uma perda de crédito internacional. Levou anos para que a empresa fosse recriando sua confiabilidade. O assessor do ministro Paulo Guedes pode ser um bom gestor na área de tecnologia, mas não é da área de petróleo. Mais uma barbeiragem da gestão da Petrobras feita pelo governo”.

A Petrobras está submetida ao critério de paridade internacional, que faz o preço dos combustíveis variar de acordo com a cotação do barril de petróleo no mercado internacional e das oscilações do dólar.