Autoridades russas afirmam que a promessa de reduzir as operações nas principais cidades ucranianas não significa um cessar-fogo. Representantes da Rússia e da Ucrânia se reuniram nesta terça-feira (29) na Turquia e anunciaram avanços nas negociações. Segundo Moscou, o recuo seria possível uma vez que os objetivos do país já teriam sido alcançados.
No encontro, os ucranianos apontaram que existe caminho para neutralidade na área militar, o que significa que o país não faria parte da OTAN e nem hospedaria bases militares no território. No entanto, alguns países do Ocidente destacaram que não há nenhuma evidência de que as negociações estão progredindo de maneira construtiva. Segundo o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, Moscou pode estar tentando desviar as atenções.
O colunista da BandNews FM na ONU, Jamil Chade, acredita que a Rússia precisa provar suas intenções de acabar com a guerra. Ele lembra que historicamente os russos tomam ações que vão contra promessas realizadas anteriormente.
Jamil Chade destaca que apenas a palavra do presidente Volodymyr Zelensky sobre uma possível neutralidade ucraniana não basta. Por isso, os russos vão exigir mecanismos que garantam o cumprimento dessa medida.
O colunista da BandNews FM na ONU também observa que uma eventual decisão da Ucrânia de ceder território em troca da paz criaria um precedente perigoso para toda a Europa. Para Jamil Chade, isso poderia inflar casos de separatismo já existentes no continente, caso da Catalunha, por exemplo.
Já para o professor de Relações Internacionais das Faculdades Integradas Rio Branco, Pedro Costa Júnior, os termos discutidos nas negociações entre russos e ucranianos comprovam que a guerra foi um erro para os dois lados. Segundo ele, se a Ucrânia aceitar de fato não ingressar na OTAN, isso significaria uma vitória de Vladimir Putin.
O professor ainda avalia que a estratégia do presidente russo é diferente da adotada em 2014, quando Moscou anexou a Crimeia, ex-território ucraniano. Agora, de acordo com Pedro Costa Júnior, Putin quer garantir a autonomia de novas repúblicas, caso de Donetsk e Luhansk.