O pai da Heloísa Santos, menina de 3 anos que morreu após ser baleada em uma abordagem da Polícia Rodoviária Federal (PRF), afirma que, depois de ser constrangido a depor com a filha em cirurgia, ainda encontrou a delegacia fechada.
Willian Silva disse ao Ministério Público Federal que, em seguida, os policiais o levaram de volta ao hospital e ele só prestou depoimento à Polícia Civil no dia seguinte.
Segundo o MPF, 28 agentes estiveram na unidade de saúde na noite do ocorrido, o que demonstraria uso indevido de força numa tentativa de intimidação. A PRF afirma que todos eles já foram identificados.
A tia da menina, Rayra Fernanda dos Santos, contou que os policiais pediram para retirar materiais de dentro do carro da família e demonstraram muita preocupação com o veículo. Rayra afirmou que eles pediram os documentos e usavam até lanternas para averiguar o que havia dentro.
Rayra Fernanda reforçou que apenas os policiais atiraram e que não havia mais ninguém no local no momento da abordagem.
Em nota, a PRF afirmou que não há marca de tiro na viatura e que o agente envolvido na ocorrência disse ter ouvido algo semelhante a um tiro antes de disparar. Os agentes também disseram que fizeram a abordagem quando constataram que o veículo era roubado.
No depoimento, o pai de Heloísa, Willian Silva, também destacou que não sabia que o carro da família constava como roubado e que, quando comprou o veículo dois meses antes, os documentos não apontavam qualquer irregularidade.
O homem que vendeu o carro para o pai da menina já prestou depoimento, mas o inquérito que apura possível receptação ainda não foi concluído.
Heloísa foi atingida quando a família passava pelo Arco Metropolitano e ficou sete dias internada, mas não resistiu. Os três policiais envolvidos seguem afastados das funções. Na segunda-feira (18), a Justiça negou a prisão deles.