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Paternidade preta: entender a história para mudar a realidade de pais pretos

No Pretoteca especial de Dia dos Pais, Rafael Santos, da Sankofamily, fala de paternidade preta e a violência

Da Redação

Às vésperas do Dia dos Pais, o episódio desta semana do podcast Pretoteca traz uma discussão atemporal sobre a paternidade no Brasil. Cynthia Martins recebeu Rafael Santos, consultor de moda e empresário, pai de três meninas, que ao lado da companheira Maree, formam a SankoFamily, família preta e potente que espalha uma rede de amor.

Pai de Amara, Aretha, e Ana, Rafael falou sobre as paternidades pretas em um Brasil onde não ser pai é quase uma regra.

"Minha paternidade é muito embasada nos homens que foram referência na minha vida. Quando virei pai, tive que mudar algumas coisas na minha percepção para que eu pudesse exercer uma paternidade integral", disse.

Entre janeiro e agosto de 2023, dos mais de um milhão de nascimentos, 108 mil crianças foram registradas sem o nome do pai. São mais de 100 mil pais ausentes em um ano que ainda não terminou. Números altos em um país que tem aproximadamente 5,5 milhões de brasileiros sem o nome do pai na certidão de nascimento.

Paternidade preta

Rafael também falou sobre a importância de entender o contexto histórico dos homens pretos no Brasil, e a diferença de como as culturas africanas encaravam a paternidade antes da escravidão.

"Quando eu entendi que nas culturas africanas a paternidade não é só pautada no laço consanguíneo, e que se eu sou pai de um, e na minha comunidade tem 200 crianças, eu sou pai de 201. Então o movimento de abandono parental é antinatural para nós enquanto povo preto, porque o exercício era de paternar a comunidade", frisou o empresário.

Ele ainda comentou sobre a violência em comparar paternidades pretas com brancas, e como faz parte de um processo de apagar a história dos homens pretos escravizados.

"O Brasil é muito cruel conosco. Quando a gente joga a paternidade modelo, sem o recorte de raça e classe, é muito cruel, porque gera um sentimento de culpabilidade, e isso afasta muito mais as pessoas de lidar. As paternidades pretas são incomparáveis, pelo fator histórico. Quando a gente olha isso, a gente passa a se acolher", afirmou.

O podcast 'Pretoteca' vai ao ar às sextas, às 19h30, no YouTube da BandNews FM e em todas as plataformas de áudio.