Peixão pode ser primeiro traficante indiciado por terrorismo no Brasil

Criminoso é acusado de impor religião à força e perseguir outras crenças no Rio de Janeiro

BandNews FM

Peixão pode ser primeiro traficante indiciado por terrorismo no Brasil
Traficante Peixão
Reprodução/Redes Sociais

Polícia Federal investiga Peixão, apontado como um dos criminosos mais procurados do Rio de Janeiro, por terrorismo. Caso seja indiciado, ele pode se tornar o primeiro traficante no Brasil a responder por esse tipo de crime. Sua ficha criminal teve início em 2015 e, atualmente, já soma cerca de 50 registros, incluindo 20 mandados de prisão por tráfico, homicídio, tortura, assaltos e ocultação de cadáver.

Além disso, o traficante é acusado de promover terror social, impondo sua própria religião na comunidade e perseguindo aqueles que seguem outras crenças.

Nesta terça-feira (11), o processo de demolição do resort de luxo de Álvaro Malaquias Santa Rosa, conhecido como Peixão, teve início. O local, situado no Complexo de Israel, na Zona Norte do Rio de Janeiro, já havia sido descoberto pela Polícia Civil em outubro de 2024. As investigações apontam que o traficante tentava dar um aspecto de legalidade ao empreendimento, utilizando faixas com referências ao Governo do Estado e nomes de políticos. Parlamentares chegaram a procurar a delegacia para denunciar o caso.

Construído em uma área de preservação ambiental, o imóvel envolveu um vasto desmatamento de vegetação nativa e até a alteração do curso d’água. Segundo as autoridades, a mansão foi erguida com dinheiro ilícito e servia para reuniões de criminosos do Terceiro Comando Puro, além de festas e atividades recreativas da família de Peixão.

A operação contou com escavadeiras e outros maquinários, além da participação de policiais civis da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA) e Coordenadoria de Recursos Especiais (CORE), além de agentes do Comando de Operações Especiais (COE) da Polícia Militar. Durante a ação, estruturas com a Estrela de Davi — símbolo do grupo criminoso comandado por Peixão — foram derrubadas. Uma delas, instalada no alto de uma torre, era visível da Avenida Brasil.

O tiroteio durante a operação assustou motoristas que trafegavam pela via, forçando-os a se abrigar atrás de muretas. O transporte público também foi afetado, com interrupções no BRT e mudanças na circulação de ônibus e trens que cortam a região.

Até o momento, quatro criminosos foram presos, incluindo um foragido da Justiça. Os agentes apreenderam dois fuzis, munições, carregadores, drogas e recuperaram uma motocicleta roubada. Além disso, descobriram um prédio onde funcionava uma academia de ginástica com equipamentos modernos de musculação, que foram recolhidos e destinados à academia de policiais civis na Cidade da Polícia

Durante a operação, a Polícia Civil também desarticulou um provedor clandestino de internet que abastecia a região. Segundo as investigações, Peixão arrecadava lucros milionários e utilizava o dinheiro para financiar o tráfico de drogas.

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