O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, concede nesta quinta-feira (2) a primeira entrevista desde que assumiu o comando da maior empresa brasileira. Ele vai repercutir o balanço financeiro da companhia divulgado na noite desta quarta-feira (1º). A estatal anunciou um lucro recorde de R$ 188,2 bilhões em 2022.
O resultado é 76,6% superior ao registrado em 2021, quando a petroleira lucrou R$ 106,6 bilhões. O número positivo no ano passado é reflexo, principalmente, da alta na cotação do petróleo, uma margem maior de lucro na venda de combustíveis e ganhos na área de exploração.
A companhia também vendeu subsidiárias ou empresas que mantinha participação acionária, além de negociar refinarias e infraestrutura de dutos.
No balanço, consta que a Petrobras vendeu o petróleo no ano passado a US$ 101,19, em média. A alta de um ano para outro foi 43,1%. O preço subiu como consequência da Guerra na Ucrânia e uma menor disponibilidade do óleo no mercado, além da alta na cotação do dólar.
Com o resultando positivo, o Conselho de Administração decidiu pela distribuição de dividendos aos acionistas. Será pago R$ 2,74 por ação, no total de R$ 35,8 bilhões. A maior parte do dinheiro fica com a União, que é acionista majoritária da companhia.
O valor distribuído poderia ser ainda maior, mas os conselheiros decidiram por uma reserva de R$ 6,5 bilhões, que só terá o destino decidido em assembleia com os acionistas.
A distribuição de dividendos tão elevados é alvo de crítica do PT. O partido afirma que a companhia deve ter um compromisso com o social e que a elevada margem de lucro beneficia investidores internacional. A Petrobras tem ações negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo e em Nova York.
A política de dividendos e os lucros recordes dos últimos anos também gerou críticas de Jair Bolsonaro quando ainda era presidente. Embora tenha se beneficiado dos recursos extras que entraram nos cofres do Tesouro Nacional, o ex-presidente reclamava da alta dos preços da gasolina e do diesel nas bombas.
Os dividendos da Petrobras, no entanto, foram usados para garantir o pagamento de R$ 600 do Auxílio Brasil no período eleitoral e para zerar o imposto federal dos combustíveis, em uma tentativa de reduzir o impacto da gasolina na inflação e no cotidiano da população.