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PMs se especializam em decifrar pedidos de socorro em códigos no 190

Usar algum tipo de código pra denunciar a violência doméstica pode ser uma forma de pedir ajuda sem o marido, namorado, ou companheiro saber

Da Redação

Um grito de socorro de uma mulher muitas vezes fica preso na garganta porque o agressor está ao lado. Mas a polícia está se especializando em decifrar pedidos de ajuda em códigos. E está funcionando.

Um pedido de pizza pro 190 pode não ser uma brincadeira de mau gosto. Mas foi graças à sensibilidade do soldado Cassio que aquela ligação, feita em Andradina, interior de São Paulo, foi entendida como deveria: era um pedido de socorro.

"No momento em que ela diz que sabia que estava ligando para a Polícia Militar, tom de voz dela me chamou atenção", afirmou o policial Cássio Júnior dos Santos, que atendeu ao chamado no 190. "Me chamou a atenção. Era como se aquela atmosfera estivesse vindo pra mim", disse.

Em Porto Alegre, foi o pedido de um açaí que fez com que um homem fosse preso por violência doméstica.

Usar algum tipo de código pra denunciar a violência doméstica pode ser uma forma de pedir ajuda sem o marido, namorado, ou companheiro saber. 

A ideia ganhou ainda mais força na pandemia, quando a convivência entre os casais ficou maior. Com o agressor mais tempo dentro de casa, fica ainda mais difícil ligar pra polícia em voz alta. E aí entra o trabalho dessas pessoas, do outro lado da linha.

Existem algumas perguntas-chave que podem ser feitas pelos policiais, porque a vítima não vai falar, não vai interagir no telefonema ao 190. "A senhora sabe que está falando com a polícia?", e a resposta pode ser: "sim, eu gosto de pepperoni", por exemplo. 'Se a senhora estiver em perigo, confirma o sabor".

"A mulher pode falar com alguém, amigo, parente, combinar um código de segurança com alguma pessoa, que sabe que ela precisa de ajuda. Há muitos desafios, mas ela não pode desistir. Um desafio não significa deixar de lutar pela própria vida", diz Valéria Scarance, Professora da PUC-SP, Promotora de Justiça e Pesquisadora na temática violência contra a mulher e gênero.

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