A Polícia Civil de São Paulo afirma ter identificado o suspeito de ser o mandante do assassinato do delator do PCC no Aeroporto de Guarulhos. Emílio de Carlos Gongorra Castilho, conhecido como Cigarreiro, é o principal alvo da operação deflagrada nesta manhã de quinta-feira (13).
Segundo informações do apresentador da Rádio Bandeirantes Pedro Campos há presos na ação, mas ainda não se sabe quantos e quem são. Vinícius Gritzbach foi executado no maior aeroporto do país quando chegava de viagem no dia 8 de novembro de 2024.
São cumpridos nesta ação 20 mandados de busca e apreensão. Quase 30 pessoas, entre policiais e empresários, por ligação com a morte do delator do PCC.
Kaue Moura, acusado de ser o olheiro que indicou a chegada de Gritzbach, está foragido e a suspeita é de que estaria em uma comunidade do Rio de Janeiro.
Por que delator do PCC foi morto? Veja reconstituição do crime
No dia do crime, Vinícius Gritzbach saiu do avião ao lado da namorada e passa pelo portão de desembarque do Terminal 2 do Aeroporto Internacional de Guarulhos. Logo atrás, aparecem o policial militar Samuel Tillvitz, que atuava como segurança particular, e Danilo Lima, motorista do delator do PCC.
Os quatro seguem em direção às esteiras de bagagens, e o policial pega a arma que havia sido despachada. Em seguida, todos vão para o saguão. Do lado de fora, a emboscada já estava quase pronta.
O carro preto com os assassinos tinha dado voltas até parar atrás de um ônibus da Guarda Municipal. Danilo, o motorista de Gritzbach, sai do aeroporto primeiro. Pouco depois das 16h, o carro preto, com o pisca alerta ligado, avança para a frente do ônibus. Os criminosos tinham sido avisados por um comparsa dentro do Aeroporto.
Em seguida, Gritzbach atravessa a rua. No canteiro central, dois atiradores descem do banco de trás do carro e abrem fogo com fuzis. Dez tiros atingem Gritzbach, que morre no local. Na ação, um motorista de aplicativo, que estava perto, também é atingido e acaba morto.
Passageiros e funcionários saem correndo para o saguão em busca de abrigo. O policial militar, em trajes civis, também corre. Imagens mostram o desespero da namorada de Gritzbach, Maria Helena Antunes.
Logo depois, o carro preto, utilizado na fuga, é abandonado há cerca de 5km do aeroporto. Segundo a polícia, um Cabo da PM, que já foi preso, estava de boné branco, carregando duas mochilas com as armas. O armamento foi encontrado no meio de um arbusto ao lado de um barraco. Depois de deixar as armas, o suposto atirador foi flagrado mais uma vez, às 16h19.
A polícia teve acesso a imagens em que aparecem o segundo atirador. Ele vestia uma blusa de frio com capuz e também carregava uma mochila no ombro. O criminoso se aproximou de uma pequena lanchonete e escondeu a mochila atrás do estabelecimento. Em seguida, ele foi flagrado por outra câmera atravessando a rua a 180m deste local.
Esse mesmo homem foi flagrado andando em direção a um ponto de ônibus, onde encontra o primeiro atirador. Às 16h47, o homem que estava de blusa de frio entra no ônibus, mas sem o capuz. O outro entra na sequência, e continua com o boné branco.
O segundo atirador foi identificado de acordo com a Força Tarefa que investiga o caso. A polícia já cumpriu um mandado de busca e apreensão na casa dele. Já o motorista do carro preto, que a investigação acredita ser um tenente da PM, que foi preso dois dias depois do primeiro atirador, teria fugido no sentido contrário, depois de deixar o veículo.
“Olheiro” atuava dentro do Aeroporto e seguiu Gritzbach
O crime, que foi totalmente orquestrado, não podia deixar de ter alguém dentro do Aeroporto de Guarulhos, acompanhando cada passo do delator do PCC no desembarque: a cor da roupa, quem o acompanhava e o trajeto feito até o local dos tiros. Essa pessoa é Kauê do Amaral Coelho.
Às 14h44, o carro em que Kauê estava saiu em direção ao Aeroporto de Guarulhos. Os carros em que estavam os responsáveis pela segurança de Gritzbach, uma Amarok e a Traiblazer, chegam depois, às 14h58.
Às 14h52, o Audi de Kauê é visto entrando no estacionamento do Terminal 2. Ele entra no saguão do Aeroporto às 14h58 e procura pelo portão onde o delator do PCC sairia.
Às 15h04, o olheiro se dirige ao quiosque de uma pizzaria, localizado no mesmo terminal e próximo ao portão por onde Vinícius passaria. Ele faz o pagamento do que comprou com o recurso por “aproximação”, senta nas cadeiras em frente ao desembarque e aguarda a chegada do delator do PCC, que aparece às 16h02.
Kauê o segue, mas mantém distância e conversa ao telefone. Segundo a polícia, ele olhou atentamente para o carro onde estavam os atiradores. No momento da execução, o olheiro corre em direção ao veículo dele.
Às 16h09, Kauê foi visto, de novo, ao telefone. Ele paga o ticket do estacionamento, entra no Audi e foge. Um radar registrou a passagem do carro às 17h10 em uma rua de Guarulhos e às 18h12 em Osasco, na grande São Paulo.
O carro preto onde estavam os atiradores também foi registrado mais cedo passando por um radar em Osasco, por volta de 13h15. A polícia acredita que, ali, o carro já estava a caminho do aeroporto.