Pressionada por clubes brasileiros e pela Confederação Brasileira de Futebol depois de tantos casos recorrentes de racismo de torcedores sul-americanos, a Conmebol fez uma mudança no Código Disciplinar das competições no início de maio.
Esse é o assunto do último capítulo da série especial sobre racismo no futebol abordando alguns aspectos do combate da Rádio BandNews FM.
A entidade instituiu sanções mais pesadas contra atos de discriminação "por motivação de cor de pele, raça, sexo ou orientação sexual, etnia, idioma, credo ou origem".
A multa passou de US$ 30 mil para US$ 100 mil e agora o Comitê Disciplinar pode punir os clubes com fechamento parcial do estádio ou até partidas sem torcida.
Antes do sorteio das oitavas de final da Libertadores e da Sul-Americana, o presidente da Confederação Sul-Americana de Futebol, Alejandro Dominguez, reforçou a mensagem de que a entidade não tolera o racismo.
A observação de quem está de fora, porém, é outra.
Para o professor Adilson Moreira, autor do livro Racismo Recreativo, a fala protocolar só endossa a preocupação da imagem coletiva de pessoas brancas.
A pena leve, com pequeno valor financeiro e sem punição desportiva, ajudava alimentar a impunidade.
O diretor do Observatório de Discriminação Racial, Marcelo Carvalho, destaca que as mudanças com relação às punições são necessárias, mas não bastam.
"As campanhas começam com os clubes. Eles precisam entender a importância deles no processo", afirma Marcelo.
No Brasil, o Código da Justiça Desportiva prevê suspensão de cinco a dez partidas ou até um ano de afastamento dependendo da natureza do caso, além de multa que varia de cem a cem mil reais.
O ex-jogador Grafite, vítima de injúria racial em 2005, afirma que o que se espera é que as pessoas continuem denunciando os casos.
Ouça a reportagem de Alinne Fanelli: