Diante do recuo de Israel no acordo de cessar-fogo, firmado nesta quarta-feira (15), o professor de Relações Internacionais da ESPM, Leonardo Trevisan, acredita que o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, enfrentará um quadro difícil ao retornar para a Casa Branca na próxima segunda-feira (20).
Em entrevista à BandNews FM, Trevisan afirmou que Trump espera usar o acordo de cessar-fogo como "a primeira grande conquista" de seu segundo mandato. A situação, no entanto, não será tão simples.
Nos últimos dias, Steve Witkoff, o enviado de Trump para o Oriente Médio, se reuniu com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, para viabilizar os termos do acordo de cessar-fogo.
De Israel, Witkoff partiu para o Catar, onde foi anunciada a conclusão das negociações para o início da retirada das tropas israelenses da Faixa de Gaza.
Para Trevisan, Netanyahu é "muito hábil em fazer isso. Ele aceita e depois recua". Esta é a terceira tentativa de um acordo de cessar-fogo entre Israel e Hamas.
"Agora, chegou a vez da diplomacia Trumpista experimentar o veneno. Os fatos começam a dar razão aos observadores internacionais. A retirada das tropas não uma coisa que a direita israelense aceita", disse.
Menos de 24 horas após o anúncio do acordo de cessar-fogo ser anunciado no Catar, Israel passou a acusar o Hamas de negar partes dos termos estabelecidos.
Agora, o gabinete de segurança do país irá se reunir para aprovar o acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza, mas a risco de que ele não seja colocado em prática. "Os fatos demonstram a enorme dificuldade de controlar a resistência de Netanyahu a qualquer acordo", disse Trevisan.
O acordo foi dividido três fases. A primeira, que começaria neste domingo (19) e duraria 42 dias, prevê a retirada de tropas israelenses da Faixa de Gaza e os palestinos seriam autorizados a começar a retornar para suas casas no norte do enclave. Além disso, haveria um aumento na ajuda humanitária, com cerca de 600 caminhões entrando a cada dia no enclave.
"A retirada das tropas implica em deixar quem no comando de Gaza? O negociador foi muito claro e disse que a paz duradoura virá com a solução de dois estados. E, como se viu, ele [Netanyahu] recuou", avaliou o professor.