Saúde passa por revolução digital após a pandemia

Tecnologia científica para desenvolver novas vacinas, telemedicina e prescrições eletrônicas são algumas das transformações no setor aceleradas pela Covid-19

Por Débora Alfano

A Angela se mudou de São Paulo, mas teve que manter o convênio médico que não é aceito na rede de saúde do interior. Para otimizar as viagens à capital paulista, ela faz parte das consultas online.

“O benefício da telemedicina, para mim, que não tenho convênio aqui perto, na mesma cidade, é que eles conseguem fazer o pedido dos exames. Quer dizer, quando eu vou presencial para São Paulo, consigo fazer todos os meus exames. Só vejo vantagens”, diz.

O atendimento à distância não seria possível antes de 2020. A telemedicina já era regulamentada no Brasil, mas havia uma série de limitações que restringiam essa prática.

O isolamento social, necessário durante a pandemia, impulsionou um desenvolvimento muito rápido das tecnologias de tele saúde e permitiu avanços na legislação, ressalta o presidente do Conselho de Administração da Saúde Digital Brasil, Carlos Pedrotti.

Hoje isso é muito consolidado, inclusive com leis que garantem a execução e a viabilidade desse tipo de serviço no Brasil inteiro. Não só médicos, como também com psicólogos,  terapeutas e atendendo a população em áreas muito carentes. Isso trouxe uma evolução muito significativa no acesso à saúde.

A Inês tinha receio em fazer terapia com a psicóloga online. Hoje, mantém as sessões remotas e se sente bem mais confortável.

Comecei a fazer on-line e estou adorando. É muito bom, é a mesma coisa como estar no presencial e tem muitas facilidades. Primeiro que você não tem que se deslocar, segundo que você fica bem à vontade, na sua casa.

Atualmente, 40 milhões de pessoas estão aptas a passar por atendimento de telemedicina no país no Brasil, segundo a Saúde Digital Brasil e o serviço é oferecido por 70% das instituições de saúde.

A urgência na necessidade da criação de vacinas também deixou um legado positivo, na avaliação do infectologista e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações.

Renato Kfoury diz que a vasta experiência de vacinação em massa contra Covid-19, nunca vista até então na história, trouxe a vantagem de possibilitar avanços para combater outras doenças com a mesma tecnologia do RNA mensageiro.

Isso quer dizer a gente pode daqui a pouco estar falando de vacinas contra Zika vírus, outras vacinas contra gripe, novas e modernas vacinas contra bronquiolite com esta mesma plataforma. E mais do que isso: vacinas contra doenças não infecciosas, contra o câncer, vacinas em desenvolvimento contra o Alzheimer. Abrimos um campo, uma janela de oportunidades e talvez esse seja um dos maiores ganhos que a pandemia trouxe em termos de desenvolvimento científico.

A pandemia também impulsionou o desenvolvimento tecnológico no setor de saúde.

Ferramentas como aplicativos para marcação e acompanhamento de consultas, prescrição eletrônica, programas de inteligência artificial e até avatares médicos estão ajudando a democratizar o acesso aos cuidados de saúde e buscando melhorias na qualidade dos serviços prestados.