Por Alinne Fanelli
A Ferroviária sagrou-se bicampeã da Libertadores Feminina no último domingo (21), com uma vitória por 2 a 1 sobre o América de Cali.
A campanha, porém, não foi nada fácil. O time de Araraquara se classificou à segunda fase graças a um gol a mais marcado e sofreu muitas críticas, que caíam especialmente sobre a técnica Lindsay Camila, recém-chegada ao clube.
“Depois do nosso primeiro jogo, o pessoal aqui desceu a lenha em mim, dizendo que eu nunca fui treinadora, que eu só tinha sido auxiliar e não é verdade. A primeira vez que eu fui auxiliar foi na seleção [sub-17, antes de chegar à Ferroviária]. Esse tipo de coisa desestimula. Tenho diploma da Uefa, estudei por mais de cinco anos, continuo estudando e ainda tenho que ouvir esse tipo de comentário”, desabafou.
Além disso, a Ferrinha percebeu um certo descaso da Conmebol com a equipe. Houve privilégios para o Universidad de Chile, que dividiu hotel com o clube na Argentina. “Elas estavam comendo em uma sala com todas juntas; nós, estávamos em duas salas diferentes. Sempre quando precisávamos da sala de vídeo, havia alguém usando – nunca éramos prioridade. Quiseram nos mudar de quartos, por dois dias mudaram nosso lugar de comer. E a equipe chilena com telão, tudo certinho, todo mundo no mesmo andar. Essas coisas serviram só para fortalecer. Claro que é fácil falar agora que fomos campeãs, mas, no momento, foram coisas difíceis”, contou.
Sobre o título, Lindsay reforçou que a equipe precisou se fechar e esquecer os comentários. Quando houve a classificação às quartas de final, foi o ponto de virada. “Foi algo extraordinário, falo que nós fomos a equipe do milagre. E quando isso acontece, começa o nosso verdadeiro campeonato: saber jogar e saber se fechar. Não tínhamos tempo, foi muito mais mental e conversa do que treino em campo.”
Neste bate-papo com a repórter Alinne Fanelli, no Tem Mulher na Área, Lindsay fala de todo o trabalho de superação. Acompanhe: