O disparo que atingiu o jovem de 27 anos na Cidade de Deus, na Zona Oeste do Rio, foi feito após uma freada brusca da viatura da Polícia Militar. A narrativa da PM foi passada pelo advogado que representa a família de Luiz Fernando, que não resistiu ao ferimento. O episódio aconteceu na noite de terça-feira (4).
Um dos policiais militares estava com o dedo no gatilho do fuzil e disparou o projétil no momento da frenagem. A vítima foi atingida na nuca. A Polícia Militar classificou o episódio como "acidental".
Os policiais envolvidos no caso foram afastados dos serviços de rua e realizam funções administrativas.
O agente de segurança que fez o disparo é investigado por homicídio culposo, quando não há a intenção de matar. Anteriormente, o registro de ocorrência foi classificado como desobediência e lesão corporal culposa, ainda sem a confirmação da morte do jovem.
Segundo os policiais militares, Luiz Fernando não teria obedecido a ordem de parada e estava em alta velocidade em uma motocicleta na localidade conhecida como Karatê. A versão é contestada pelos familiares da vítima. A utilização de um casaco pelo jovem também foi uma das justificativas dos PMs para classificar a atitude do motociclista como suspeita.
O velório aconteceu no Cemitério do Pechincha na tarde de quinta-feira (6) com homenagens e ao som do hino do clube do coração, o Fluminense.
Se o inquérito da Polícia Civil for finalizado como homicídio culposo, o caso vai ser levado à Justiça Militar. Como a morte foi constatada após o registro da ocorrência, o caso fica com a Delegacia da Taquara, que apesar de poder transferir à Delegacia de Homicídios, não é obrigada a encaminhar o caso para a DH.
Testemunhas gravaram o momento em que Luiz Fernando foi colocado dentro da viatura para ser socorrido ao Hospital Municipal Lourenço Jorge, na mesma região. As imagens mostram a vítima sendo arrastada até o banco de trás do veículo. O jovem morreu na manhã do dia seguinte no Hospital Miguel Couto, na Zona Sul, para onde tinha sido transferido.
Os policiais militares envolvidos na abordagem vão passar por um programa de capacitação, que inclui técnicas de abordagem e prática de tiros. Os agentes prestaram depoimento. As câmeras corporais portáteis devem ser analisadas, assim como as armas dos PMs que foram apreendidas.
No momento em que foi atingido, Luiz Fernando estava a caminho da casa da mãe na Taquara para ajudar no cuidado de animais domésticos. Antes, ele havia ido ao shopping com o irmão e tinha passado na casa da namorada, na Cidade de Deus. Ele morava com a companheira.
Luiz Fernando era fiscal de voo de asa delta e já tinha servido na Aeronáutica. O sonho do jovem era virar instrutor de voo. No mesmo ano em que chegou a prestar uma prova para ingressar na Polícia Militar, a vítima perdeu a vida após ser baleada por um PM.
A reportagem questionou o motivo pelo qual os militares registraram o caso como desobediência.
Além disso, a BandNews FM perguntou o que teria causado a frenagem, o por quê o PM estava com dedo no gatilho, e questionou também sobre o que seria atitude suspeita e em relação à forma como Luiz Fernando foi conduzido para dentro da viatura. No entanto, a Corporação não respondeu.