A transição da carteira de trabalho profissional física para o digital tem assustado alguns brasileiros: trabalhadores têm encontrado no documento digital registros de empresas em que nunca trabalharam.
Foi o caso de Anderson Barros, do Rio de Janeiro. Na declaração dele aparece que, em abril de 2006, o professor começou a trabalhar como auxiliar de escritório, contratado pela secretaria de Educação, mas, ele nunca sequer esteve na rua em que o suposto empregador está localizado.
Algo parecido aconteceu com a escritora Verônica Oliveira, de São Paulo. Há, na carteira dela, um registro de uma empresa de telemarketing em São Bernardo do Campo, só que Verônica afirma nunca ter trabalhado lá.
A advogada trabalhista Lucia Midori Kajino diz que, desde 2019, quando uma portaria recomendou a emissão da carteira digital, casos como o de Verônica e de Anderson começaram a pipocar nos Juizados Especiais Federal.
Homônimos, erros de digitação e falhas em sistemas podem explicar os registros indevidos.
As consequências desses erros podem ser várias: desde barreiras para recebimento de auxílios, como os que foram criados pelo governo nos períodos mais agudos da pandemia, até impedimento do pedido de entrada no seguro-desemprego.
O Ministério do Trabalho e Previdência afirma que a responsabilidade é das empresas e orienta os trabalhadores a buscarem a Secretaria de Trabalho para fazer a correção.