Nos últimos anos, dezenas de pessoas pretas têm se organizado para promover uma forma de turismo urgente e transformador: o afroturismo. Essa modalidade, mesmo com a falta de apoio e políticas públicas, vem avançando consideravelmente.

A Embratur, em reconhecimento a essa importância, reuniu-se no início de abril de 2023 com organizações do setor e prometeu investimentos no segmento, incluindo projetos de rotas entre Brasil e África. 

O programa Pretoteca, da BandNews FM, abordou essa questão em um episódio recente, apresentado por Larissa Alves e Cynthia Martins. 

O convidado foi Hubber Clemente, fundador da startup ESG Afroturismo Hub, que destacou a importância do afroturismo: “Uma pessoa preta praticar turismo é algo muito potente”, afirmou ele, ressaltando a necessidade de incentivos para potencializar ainda mais essa modalidade.

Clemente defende que o afroturismo não é apenas uma forma de lazer, mas uma ferramenta de empoderamento e resistência contra o racismo estrutural. “Se tivéssemos um plano de recuperação social de tudo o que foi tirado, a mulher preta deveria estar no topo. Ela sofre todos os problemas que o racismo estrutural causa”, disse. 

Experiências principalmente negativas ilustram a urgência de preparar o mercado turístico em todo o mundo para receber turistas pretos de maneira segura e respeitosa. “É fundamental que as empresas do setor invistam em letramento e atendimento antirracista, criando um ambiente de pertencimento e representatividade”, destacou Clemente, que acredita que a criação de redes seguras, onde turistas pretos possam viajar sem medo de assédio ou discriminação, é essencial.

“Precisamos preparar o nosso mercado para ser antirracista e garantir que as pessoas pretas se sintam à vontade ao viajar, frequentar restaurantes e se hospedar em hotéis”, explicou.

Mas afinal, o que é afroturismo?

Uma vertente do turismo cultural, o afroturismo foca em comunidades negras e envolve experiências afrocentradas, destacando a contribuição negra na formação da sociedade. 

Tanto no meio rural quanto no urbano, essa modalidade de turismo oferece uma oportunidade de conhecer, reviver, experimentar e valorizar a cultura, a religião e a história da população negra não só no Brasil, como também em outros lugares do mundo. 

O afroturismo, segundo Clemente, propõe não apenas incentivar viagens, mas também redescobrir e valorizar a cultura negra. Ele ressaltou a importância de promover destinos com forte herança cultural africana, permitindo que turistas pretos explorem suas raízes e fortaleçam sua identidade.