
O Estado de São Paulo volta a enfrentar um surto de dengue nesse mês de janeiro. Segundo o Ministério da Saúde, já são ao menos 7,3 mil casos e 14 mortes na região.
Em entrevista para a Rádio BandNews FM, a coordenadora da Coordenadoria de Controle de Doenças da Secretaria Estadual da Saúde de SP, Dra. Regiane de Paula, explicou a situação e esclareceu as principais dúvidas.
O que está causando o novo surto?
Segundo a coordenadora, parte do surto ocorre devido a uma “inversão de sorotipos”. O vírus da dengue é divido em quatro variações, e o Brasil agora enfrenta uma mudança na predominante entre a população.
“Nós estamos já com uma circulação maior do sorotipo 3, o que leva a um número maior de suscetíveis e por isso esse alerta e atualização do nosso plano ano de contingência”, explicou.
Pegar dengue pela segunda vez é pior?
Apesar se não ser exatamente o mesmo sorotipo, a máxima sobre a dengue segue: a segunda vez é mais perigosa. Aumenta o risco de “dengue grave”, a versão que antigamente era chamada de “dengue hemorrágica”.
“O que acontece com a gravidade da dengue é que se você teve dengue antes por um sorotipo, você pode se infectar por outro e, se você tiver principalmente nos extremos de idade, crianças, idosos, pessoas com comorbidades, gestantes, você pode ter um agravamento dessa essa dengue”, afirmou.
Há vacina para a dengue?
Sim, há uma vacina para dengue, mas no momento ela é usada de forma muito restrita, tanto em distribuição quanto na faixa etária, sendo limitada para crianças entre 9 e 14 anos.
O Instituto Butantã desenvolveu uma vacina de dose única, que pode agilizar muito na imunização da população. A previsão é que ela seja liberada até o dia 16 de março, mas isso não significa que ela fique imediatamente disponível para o público paulista.
“Quem compra o imunizante é o Ministério da Saúde e entrega para os Estados. Que isso se rapidamente se desdobre”, disse Regiane de Paula
Por que São Paulo não usa mosquitos modificados?
Alguns estados brasileiros começaram a testar o controle do Aedes aegypti com mosquitos modificados geneticamente. Eles são incapazes de transmitir o vírus da dengue, sendo colocados na natureza para reduzir a população de insetos transmissores.
Apesar disso, a estratégia não é utilizada no Estado de São Paulo.
“Essa estratégia, ela está com o Ministério da Saúde, é uma estratégia que vem da Fiocruz. Então nós não temos como trabalhar de forma independente. O SUS ele é tripartite, trabalho Ministério da Saúde, Governo e Município. Essas fábricas elas são muito limitadas para produzir esse mosquito. Infelizmente, nós por mais vontade que tenhamos, seja por saúde pública ou até mesmo política, nós não temos condições e nós dependemos do Ministério da Saúde”, explicou a Dra. Regiane de Paula.