50 seções de votação no Rio de Janeiro que estão em áreas de influência da milícia vão mudar de local. A medida do Tribunal Regional Eleitoral visa garantir a segurança dos eleitores e impedir qualquer tipo de pressão dos criminosos. Os locais de votação que vão sofrer alteração ficam principalmente na Zona Oeste, berço de grupos paramilitares.
Segundo o TRE, as transferências das zonas eleitorais serão feitas com o auxílio de dados de inteligência das polícias federal, rodoviária, civil e militar, Guarda Municipal e dos ministérios públicos federal e estadual.
Para o professor de sociologia e coordenador do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da Universidade Federal Fluminense, Daniel Hirata, a medida é bem-vinda no combate a atuação da milícia no processo eleitoral.
"Toda iniciativa para coibir o efeito da atuação dos grupos armados, em geral, e das milícias, em particular, no processo eleitoral, são muito bem-vindas. Porque sabe-se que há uma influência bastante grande desses grupos na política de forma ampla. Há um controle sobre a maneira pela qual as campanhas eleitorais são feitas nesses lugares e, em casos mais dramáticos, até uma violência mais direta, explícita, sobre candidatos.
No entanto, o sociólogo Daniel Hirata destaca a importância de outras medidas para minimizar a influência criminosa antes, durante e depois das eleições.
"Vejo com muitos bons olhos o TRE estar tomando algumas medidas, ainda que, claramente, elas sejam insuficientes, dada a intensidade e a frequência com que a influência na política e no processo eleitoral elas são feitas por esses grupos. Seria necessário um verdadeiro concerto de várias instituições diferentes, para que essa influência fosse minimizada antes, durante e depois do processo eleitoral e do dia das eleições."
Segundo o presidente do TRE-RJ, desembargador Henrique Carlos de Andrade Figueira, a decisão de mudar os locais de 50 seções de votação foi baseada na experiência que ele teve como corregedor eleitoral nas eleições de 2022.
Na época, o magistrado recebeu uma denúncia de que eleitores não conseguiram votar em uma determinada escola por estar localizada em uma região dominada por milicianos. No entanto, de acordo com as investigações, a unidade de ensino ficava em um local seguro e a desinformação teria sido propagada por criminosos.
As eleições municipais acontecem no segundo semestre deste ano.