A representante do Ministério das Relações Exteriores na Cúpula Social do Mercosul afirma que o acordo comercial com a União Europeia é complexo e as negociações ainda não estão perto do fim. Durante o primeiro dia do evento no Museu do Amanhã, no Centro do Rio, a embaixadora Gisela Padovan ponderou que a parceria precisa ser boa para ambos os blocos.
Segundo ela, o posicionamento contrário do presidente francês, Emmanuel Macron, não surpreende, já que o país é historicamente um dos críticos ao projeto. Ao comentar o assunto no fim de semana, Macron disse que o acordo é mal remendado e antiquado.
No domingo (3), o presidente Lula já admitiu que as negociações podem fracassar. A declaração ocorreu ao fim da participação dele na COP 28, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Ele disse que não faltou empenho do Brasil e dos países do Mercosul, mas que os países mais ricos preferem adotar políticas protecionistas.
O representante do Parlasul, o deputado federal Arlindo Chinaglia, criticou a pressão para que empresas europeias sejam autorizadas a participar de licitações governamentais dos países do Mercosul.
Durante a cerimônia de abertura do evento, o parlamentar defendeu que isso ameaçaria o desenvolvimento industrial e tecnológico dos membros do grupo.
As compras governamentais são um dos pontos mais delicados nas negociações para o acordo comercial entre os dois blocos. A expectativa é de que, durante a Cúpula, sejam anunciadas novidades sobre à possível parceria, negociada há mais de 20 anos.
A Cúpula Social reúne cerca de 300 representantes da sociedade civil e dos países que integram o bloco. Essa é a primeira edição presencial após sete anos de interrupção. A promessa é levar os resultados dos debates às demais instâncias do Mercosul e a cada um dos países-membros.
A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, defende que a cooperação entre os países não se limite às questões econômicas e que a sociedade civil tenha participação efetiva nos espaços de poder.
Também participaram do primeiro dia do evento o prefeito do Rio, Eduardo Paes; a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves; e o secretário de Governo do Rio, Bernardo Rossi.
A Cúpula do Mercosul termina na quinta-feira (7), quando ocorre o encontro de chefes de estado.
Um acordo do bloco com Cingapura deve ser anunciado ainda nesta semana. A possibilidade de consolidação do tratado ocorre após uma lacuna de 12 anos sem o bloco fechar um acordo com um país extrarregional. Segundo o Itamaraty, a negociação que se arrasta desde o ano de 2018 está praticamente finalizada.
No texto introdutório, as partes dizem que pretendem avançar em questões de crescimento e desenvolvimento das micro, pequenas e médias empresas. Singapura é o sétimo principal parceiro comercial do Brasil em todo o mundo e é o país asiático que mais abriga empresas brasileiras.
No evento, também serão firmados memorandos de entendimento com a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e com a Organização dos Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI) e uma recomendação sobre conduta empresarial responsável.