Em menos de dois meses, o homem investigado pelo assassinato de um agente da Força Nacional na Zona Oeste do Rio violou 86 vezes o monitoramento por tornozeleira eletrônica antes de voltar a ser preso. Eduardo Santa Rita Carvalho, de 24 anos, já havia sido condenado por roubo e estava em prisão domiciliar desde janeiro.
Ele se entregou à Polícia na quarta-feira (29), um dia após a morte do soldado Edmar Felipe Alves dos Santos, de 36 anos. No mesmo dia, a Secretaria de Administração Penitenciária apresentou à Justiça um relatório com todas as violações ao monitoramento eletrônico. O juiz responsável determinou que ele volte à prisão no regime semiaberto, em que pode trabalhar durante o dia, mas precisa dormir na prisão.
Segundo o relatório, as transgressões começaram no dia 1° de outubro, e os advogados de Eduardo não apresentaram qualquer justificativa. Além de ter deixado o equipamento sem bateria, ele ainda teria saído da área determinada "por inúmeras horas e até mesmo dias".
A Secretaria de Administração Penitenciária afirma que a tornozeleira estava sem sinal desde segunda (29), mas o protocolo estabelece um prazo de 48 horas para que os réus justifiquem qualquer problema com o equipamento e só após esse prazo a pasta deve questionar o motivo do descumprimento. A secretaria também ressalta que toda eventual infração cometida pelos monitorados é comunicada à Justiça, que deve decidir as medidas a serem adotadas.
A Seap ainda destacou que incluiu todas as violações em um relatório seguindo o protocolo estabelecido pelo Conselho Nacional de Justiça. O advogado criminalista Mozar Carvalho diz que é comum que elas sejam agrupadas em um só documento, mas o número de irregularidades identificadas desta vez surpreende.
O suspeito também já havia sido preso pela Lei Maria da Penha.
Antes de balear o policial, o homem também atirou contra a companheira, que segue internada. Vizinhos afirmam que ouviram uma discussão acalorada entre o suspeito e a companheira e o barulho de objetos quebrando. Quando houve o primeiro disparo, o soldado teria ido checar o que estava acontecendo e acabou baleado. Imagens de uma câmera de segurança flagraram o momento em que o criminoso dispara e sai correndo.
Edmar era soldado da Polícia Militar de Alagoas desde 2020 e deixa uma filha de 2 anos. Nesta quinta-feira (30), o corpo dele foi levado para Maceió, onde amigos e familiares puderam se despedir do agente.
O policial participava das ações da Força Nacional no Rio, que começaram em outubro, e já tinha passagem de volta para casa marcada para o início de dezembro.
O caso é investigado pela Delegacia de Homicídios da Capital, que realiza diligências para esclarecer os fatos.
Em nota, a Polícia Militar de Alagoas lamentou a morte e se solidarizou com os amigos e familiares. Segundo o Ministério da Justiça e Segurança Pública, a Força Nacional está prestando todo o apoio necessário.
Apenas neste ano, 57 agentes de segurança foram mortos na Região Metropolitana do Rio, segundo o Instituto Fogo Cruzado. Ao todo 125 foram baleados.
Desde o mês passado, cerca de 300 agentes da Força Nacional reforçam o policiamento no estado, especialmente em vias federais, portos e aeroportos.