O ex-secretário de Polícia Civil do Rio de Janeiro Allan Turnowski virou réu na Justiça do Rio por atrapalhar investigações contra uma organização criminosa que exigia pagamento de propina por comerciantes da Rua Teresa, em Petrópolis, na Região Serrana do Rio, para permitir que continuassem comercializando roupas piratas livremente.
De acordo com a denúncia do Ministério Público, que foi aceita pela Justiça o esquema era chefiado pelo ex-delegado títular da Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Propriedade Material, Maurício Demétrio, e os dois trocavam mensagens sobre o assunto.
Em nota, a defesa de Turnowski, pelo advogado Daniel Bialski, disse que a denúncia é inócua, isto é, inofensiva, e que já pediu habeas corpus e outros recursos, mas que ainda não foram julgados.
"O reconhecimento de sua nulidade absoluta, seja pelos abusos cometidos, incompetência e ou a absoluta falta de justa causa para sua continuidade".
A Justiça ainda proibiu Allan de assumir qualquer função política ou cargo comissionado e de acessar locais vinculados à Polícia Civil do Rio. De acordo com o MP, Demétrio ainda teria forjado uma operação contra o delegado Marcelo Machado, com uma "narrativa policial falsa"
"Há sérios indícios de que tais diligências não ocorreram e que o relatório é falso"
O Ministério Público, na denúncia, ainda aponta que, em conversa no WhatsApp, Maurício Demétrio teria afirmado que Allan Turnowksi deu "total apoio" à prisão em flagrante de Marcelo Machado.
Turnovski estava preso, mas deixou a cadeia em setembro, após o ministro do Supremo Tribunal Federal Kassio Nunes Marques revogar a prisão, na acusação de envolvimento com o esquema do Jogo do Bicho.
CONVERSA ENTRE OS DOIS
O Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do MP, apurou que os dois já sabiam das investigações em andamento e se comunicavam sobre isso por troca de mensagens.
Maurício Demétrio foi preso no ano passado acusado armar falsas operações, até mesmo contra um colega, e cobrar propina para interferir em investigações.
Em busca e apreensão, o celular de Allan nunca foi encontrado. Segundo o MP, Turnowski afirmou que perdeu o celular na noite anterior a prisão, em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio. No entanto, ao analisar as antenas de telefonia móvel, os promotores encontraram o registro do aparelho perto das 23 horas, no condomínio do delegado, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio.