A alta da cotação do barril do petróleo aumentou a diferença entre os preços praticados nos mercados interno brasileiro e externo. A gasolina comercializada pela Petrobras nas refinarias já acumula defasagem média de 19% e, o óleo diesel, de 15%. Os dados são da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom).
Para o economista da FGV Mauro Rochlin, a discrepância pode ser explicada pelo aumento recente no preço do barril do petróleo.
"O petróleo tipo brent experimentou uma alta de cerca de 10% nos últimos vinte dias. Ou seja, estamos falando de algo muito recente, e, talvez por isso a Petrobras não tenha se mobilizado para reajustar seus preços."
Em maio, a Petrobras anunciou que deixaria de seguir a política de Paridade de Preços Internacional (PPI) e passaria a adotar uma nova estratégia para a formulação dos valores dos combustíveis.
Para Rochlin, a defasagem acontece em um cenário de pouca clareza no novo modelo de precificação da estatal.
"Agora de qualquer maneira também é importante frisar que a Petrobras ainda não definiu uma nova política de preços. Ela adotava uma política de preços que seguia a paridade internacional mas anunciou recentemente que isso não aconteceria. No entanto, não divulgou com clareza e transparência a sua nova política de preços."
Para que os preços praticados pela Petrobras fossem equiparados aos internacionais, a companhia teria que elevar os valores de venda nas cinco refinarias analisadas pela Abicom. A Refinaria de Itacoatiara, por exemplo, precisaria subir o preço de gasolina em R$ 0,58 e do diesel, em R$ 0,54.
O último reajuste da empresa para o diesel foi em maio, após o anúncio do fim da paridade internacional, com redução de 15,8%. A gasolina teve queda de 5,3%. A jornalistas, o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, havia dito que as mudanças ainda não eram reflexo do fim da política de paridade.
Mas a diferença não está restrita à petroleira. Controladora da única refinaria privada do país, a Acelen manteve os preços baseados no mercado internacional e também registra defasagem de 10% para a gasolina e de 11% para o diesel no porto de Aratu.
VALOR DO BARRIL
A avaliação do mercado é de que, após oscilar no primeiro semestre de 2023, o valor do petróleo possa acumular alta mundial.
Segundo Mauro Rochlin, com a suspensão do ciclo de alta da taxa de juros nos Estados Unidos - anunciada pelo Banco Central norte-americano - os analistas enxergam um horizonte de aquecimento da economia do país e mundial, o que pode contribuir para o aumento no preço do petróleo tipo Brent.
Ele diz que essa perspectiva sugere que haverá maior demanda por petróleo, o que por sua vez pressiona os preços.
O Brent iniciou esta terça-feira (25) em alta de 0,36%, vendido a US$ 83,04 o barril.