A receita da Americanas teve redução de R$175 milhões em 2022, em relação ao ano anterior. A informação consta no balancete do ano passado, publicado nesta quinta-feira (16) após sucessivos atrasos.
Segundo a varejista, grande parte desse valor se refere a receitas não reconhecidas de serviços que haviam sido lançados de forma inapropriada.
A despesa financeira, excluindo encargos, foi ajustada em R$ 940 milhões em relação ao valor divulgado anteriormente.
De acordo com a companhia, o ajuste mais relevante foi a reclassificação dos juros de risco sacado no valor de R$ 915 milhões, que estavam capitalizados na conta fornecedor.
As operações de risco sacado - financiamento de débitos com fornecedores pelos bancos - são apontadas pelas apurações preliminares da empresa como um dos objetos da fraude contábil, divulgada em janeiro deste ano.
Ainda de acordo com o balanço de 2022, o prejuízo da empresa no ano passado foi de R$12,8 bilhões, ante R$6,2 bilhões em 2021- alta de 108%. A Americanas também fechou o período com um patrimônio líquido negativo de R$ 26,7 bilhões. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) foi de R$ 6,2 bilhões. As demonstrações financeiras foram auditadas e enviadas à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Fraude contábil
A crise na empresa começou em janeiro após o então presidente Sergio Rial ter anunciado inconsistências contábeis de R$20 bilhões. Após a revelação, a Americanas entrou em Recuperação Judicial no mesmo mês. À época, as dívidas somavam R$ 43 bilhões.
No trecho do comunicado desta quinta (16) em que comenta as fraudes contábeis, a Americanas afirma que as operações fraudulentas chegaram a R$ 25,2 bilhões em verba de propaganda cooperada (VPC) fictícia, juros não contabilizados em resultado e despesas registradas como investimentos.
A dúvida que paira no mercado até hoje é se a fraude se dava apenas com fornecedores, com a alteração de números em contratos para torná-los mais atrativos, e quais setores estavam a par das operações.
Futuro
Para o futuro, a varejista disse que seus acionistas de referência devem aportar R$12 bilhões na companhia.
Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles devem injetar o aumento de capital como forma de "esforços para continuidade do negócio".
A empresa complementou afirmando que o investimento do trio deve se somar ao pagamento de R$12 bilhões aos credores, assim como à aprovação do Plano de Recuperação Judicial pelos credores.
O novo Plano de Negócios 2025 da companhia prevê a geração de Ebitda de mais de R$2,2 bilhões em 2025.
Em 2021, o Ebitda ficou negativo em R$1,8 bilhão. O número foi divulgado nesta quinta-feira (16), junto a revisão do balancete daquele ano.
Agora, os analistas acreditam que, com avanços nas divulgações dos balancetes e a eventual aprovação do novo Plano de Recuperação Judicial, a empresa pode destravar a venda de ativos como a Hortifruti Natural da Terra, a Uni.co - dona de Puket, Imaginarium e Lovebrand.