Aos 91 anos, morre o cartunista Ziraldo, criador do Menino Maluquinho

Segundo a família, o desenhista morreu dormindo na casa onde morava no bairro da Lagoa, na Zona Sul do Rio

BandNews FM

Aos 91 anos, morre o cartunista Ziraldo, criador do Menino Maluquinho
Ziraldo morreu enquanto dormia em casa
Rovena Rosa/Agência Brasil

Morre, aos 91 anos, o desenhista e escritor Ziraldo. Criador de personagens como o Menino Maluquinho, ele foi um dos fundadores do jornal "O Pasquim", nos anos 60. 

O velório vai ocorrer neste domingo (7), no Rio de Janeiro, no Museu de Arte Moderna.

Segundo a família, Ziraldo morreu dormindo na casa onde morava no bairro da Lagoa, na Zona Sul do Rio.

O escritor mineiro nasceu na cidade de Caratinga, no dia 24 de outubro de 1932.

Também chargista e jornalista, ele sofreu um AVC hemorrágico e precisou ser internado em 2018, também na capital fluminense. 

Ziraldo Alves Pinto, recebeu o nome que é a combinação de Zizinha, a mãe, e Geraldo, o pai.

Formado em Direito, mas sem nunca tocar no diploma, o primogênito de sete irmãos marcou a sua obra através da literatura infanto-juvenil.

O representante de toda uma geração de cartunistas explodiu no fim da década de 1950, antes dos 30 anos, com o lançamento do primeiro quadrinho brasileiro a cores totalmente produzido no Brasil.

A "Turma do Pererê" iniciou a publicação em 1959 e até os anos 70 foi sucesso na extinta revista Cruzeiro.

Se toda a classe artística modificou a vida durante os períodos de chumbo da ditadura militar, com Ziraldo não foi diferente.

O humor do Pererê deu lugar às inteligentes charges para falar sobre a repressão do pior período do regime no Brasil.

"O Pasquim" foi um símbolo da resistência de toda uma classe de artistas.

Fundado no fim dos anos 60, por nomes como o cartunista Jaguar, e os jornalistas Tarso de Castro e Sérgio Cabral, o semanário se tornou um fenômeno editorial no Brasil, com auge de mais de 200 mil exemplares.

Ziraldo contava que não poderia ter feito outra coisa no período, que classificou como "um dos piores momentos da história do país" 

Outra obra conhecida de Ziraldo foi o primeiro livro para crianças, Flicts.

Escrito no mesmo ano em que o homem foi à Lua, 1969, a publicação conta a história de uma cor "diferente", que não consegue se encaixar no arco-íris.

Dentre tantos personagens, um que entrou para a história: o menino que de tão maluquinho "tinha o olho maior que a barriga, fogo no rabo e vento nos pés."

O menino, que de maluquinho tinha somente os sonhos de Ziraldo, foi inspirado na criação dos três filhos e no que Ziraldo pensa sobre a educação infantil.

O livro "O Menino Maluquinho", com mais de 100 edições, 3 milhões de exemplares vendidos, foi premiado de diversas formas desde que foi escrito em 24 de outubro de 1980, aniversário de Ziraldo.

A obra ganhou duas edições no cinema, peças no teatro, além de repercussão em todo o mundo.

O senhor de coletes coloridos, olhos calmos e uma sobrancelha sonhadora, era também um grande crítico sobre a forma que a sociedade tem incentivado a leitura.

Vencedor do "Nobel" Internacional de Humor no trigésimo segundo Salão Internacional de Caricaturas de Bruxelas, de 1960, Ziraldo deixou um sorriso em cada um dos corações que tocou com a sua obra.
 

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