Das quatro salas de necropsia do Instituto Médico Legal Afrânio Peixoto, no Centro do Rio, apenas uma está funcionando, e ainda assim, sem ar condicionado. A informação é da diretora da Associação Brasileira de Criminalística. De acordo com a Denise Rivera, as obras do setor de toxologia estão paradas. Como consequência, alguns laudos estão há nove meses sem sair.
"Muitos casos precisam de um laudo complementar para saber se foi envenenamento, qual foi a causa da morte. Esse laudo não sai há 9 meses. O laboratório está parado. Começaram a obra, depois suspenderam a obra, mas já tinham quebrado o laboratório."
Em dezembro do ano passado, um gambá foi flagrado em vídeo comendo partes de um corpo na unidade do Centro. Segundo fontes ouvidas pela BandNews Fm, o caso não é isolado e ocorreu por causa da demora do envio do corpo para a geladeira, por falta de organização.
Há problemas também em outras unidades do IML do Rio. Em Duque de Caxias e Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, peritos precisam fazer revezamento por causa da escassez de profisisonais.
Em visita recente ao IML do Centro, o promotor de Justiça do Ministério Público do Rio, Décio Alonso, constatou a falta de peritos e estrutura precária.
"Em recente visita técnica ao IML foi constatada a precariedade no número de peritos. Isso afeta n sou a relação da perícia, mas, também, a duração dos processos. Cada vez que uma perícia demora a ser realizada, consequentemente isso reflete nos processos que vão ter um prazo maior ou nulidade pela não apresentação da perícia. A solução é do serviço de polícia científica é essencial para o processo penal eficiente".
Na semana passada, durante depoimento em uma audiência de custódia, o ex-diretor do IML, Leonardo Dias Ribeiro, afirmou que todos unidades estão prestes a fechar por falta de peritos.
Em nota, a Polícia Civil disse que não procede a informação sobre fechamento de unidades do IML. Procurada para posicionamento sobre falta de peritos, a corporação disse que concursos estão em andamento para reforço do efetivo, com 87 vagas, e que a previsão é a de que todos estejam lotados nas unidades até o fim deste ano.
Sobre a eventual demora para atendimento, a Superintendência-Geral de Polícia Técnico-Científica (SGPTC) informa que o tempo para identificação e liberação de corpos está diretamente ligado às condições em que chegam às unidades, assim como a complexidade de cada exame de necropsia a ser realizado.