
Especialistas explicam que o aparecimento de peixes-espada em regiões próximas a orla brasileira é comum nesta época do ano, quando os animais estão em período de reprodução. Segundo eles, a espécie não representa riscos para os seres humanos e o acidente envolvendo um cardume de peixes-espada em uma praia da Região dos Lagos do Rio no início da semana é algo raro, sem registros anteriores na região.
No episódio, registrado em Rio das Ostras na última segunda-feira (20), sete banhistas ficaram feridos após encontrarem um grupo de peixes-espada no mar da Praia do Remanso. Eles tiveram lacerações entre 6 e 8 centímetros nos pés e nas pernas e precisaram ser encaminhados ao Pronto-Socorro Municipal, onde tiveram os ferimentos suturados.
A BandNews FM ouviu especialistas para entender o comportamento da espécie. O biólogo marinho e diretor do Instituto Mar Urbano, Ricardo Gomes, entende que o caso foi um acidente.
Um cardume inteiro, topando com muitas pessoas juntas no mesmo local. E aí foi um acidente. De repente, o cardume pode ter se sentido cercado. E aí os peixes ficaram enlouquecidos, querendo fugir. E nessa de querer fugir, um peixe com a boca aberta. Você imagina o dente desse peixe, que começa a nadar com essa boca aberta, né? Ele bateu na canela das pessoas. Ele estava tentando fugir, estava tentando se defender.
Ele explica que, apesar de carnívoros, os peixes-espada não são predadores dos seres humanos. Por se tratarem de animais pequenos, eles buscam se alimentar de peixes menores e outros animais marinhos. O biólogo afirma que os peixes-espada são, inclusive, objeto de desejo da pesca no Brasil.
Ele é um peixe muito visado, virou um peixe importante para a nossa pesca no litoral brasileiro. Mas, com certeza, o ser humano não faz parte do cardápio desse peixe, até porque é um peixe pequeno, ele se alimenta de peixes menores, crustáceos, moluscos...
Com corpo alongado e achatado, os peixes-espada podem chegar a um metro de comprimento. Animais da espécie podem pesar até cinco quilos. Os especialistas descrevem a boca como grande e pontuda, com dentes afiados.
O acidente envolvendo os peixes-espada em Rio das Ostras aconteceu no início da noite. O oceanógrafo David Zee explica que este é justamente o período do dia em que os peixes-espada costumam se aproximar da superfície para caçar.
Geralmente no verão ele sobe a superfície e eles gostam de água quente, né? A temperatura da água superior a 18 graus centígrados chegando até 24, 25 graus centígrados. E geralmente o hábito da caça desses peixes, né? Que é exatamente o fim de tarde e início da noite. Ele se sente atraído pela luminosidade, pela luz e talvez a agitação da água do mar. O grupo de banhistas dessa hora da noite, né? Do fim de tarde, início de noite, que é exatamente o horário que eles aparecem, atraiu e com isso pode ter havido efetivamente esse contato, né? Esse acidente.
David Zee reforça que o acidente envolvendo peixes da espécie não é algo comum.
Não é uma coisa muito comum, mas acontece e por isso que é essa época do ano, no verão, os pescadores, inclusive, gostam de pescar esse peixe exatamente no fim de tarde e com uma boia luminosa que atraia esse peixe para que possam ser capturados.
Entre as orientações para os banhistas estão seguir as recomendações dos bombeiros sobre a presença de cardumes no mar e evitar se aproximar ou tocar nos peixes, por curiosidade.
Sobre o episódio registrado na última segunda-feira na Região dos Lagos, a Secretaria de Saúde de Rio das Ostras informou, em nota, que imagens das lesões constatadas nos adolescentes foram encaminhadas para análise de biólogos.