A médica que foi agredida por um paciente em um hospital municipal em Irajá, na Zona Norte do Rio, afirma que o plantão em que ocorreu o episódio era o quinto que ela fazia sozinha, tendo que atender dezenas de pacientes.
Sandra Lúcia Bouyer, de 52 anos, conta que cinco médicos deveriam ser escalados, mas os plantões têm sido feitos com apenas dois profissionais. Na noite das agressões, um colega passou mal e a direção da unidade não conseguiu substituir o médico. Sandra denuncia que o caso não é isolado.
O episódio aconteceu na madrugada de domingo (16), no Hospital Municipal Francisco da Silva Telles. O quebra-quebra teve início quando André Luiz do Nascimento Soares, de 48 anos, foi informado que deveria aguardar, já que outros pacientes com quadros mais graves estavam sendo atendidos. Ele tinha um pequeno corte no dedo e estava com a filha, Samara Kiffini do Nascimento Soares, de 23 anos, e uma criança de colo. Os dois depredaram a sala de espera, quebraram vidros de portas, além de janelas e cadeiras.
Segundo a Polícia Civil, o homem ainda invadiu a Sala Vermelha da unidade e agrediu a médica com socos e pontapés. O exame de corpo de delito apontou que a profissional sofreu cinco escoriações: no lábio, no tórax, na orelha direita e nos dois braços. Apesar do susto, Sandra diz que a violência não vai impedir que ela continue na profissão.
Durante a confusão, uma paciente de 82 anos morreu após sofrer uma parada cardiorrespiratória. Arlene Marques da Silva estava se recuperando de um infarto e tinha quadro de saúde gravíssimo.
Para o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, casos como esse dificultam a contratação de mais profissionais de saúde, já que as vagas na rede pública ficam menos atrativas devido às dificuldades enfrentadas pelas equipes.
André e Samara foram presos em flagrante e devem responder por homicídio com dolo eventual, quando se assume o risco de matar, dano ao patrimônio público e desacato. Os dois devem passar por audiência de custódia na tarde desta terça-feira (18).
A defesa dos acusados alega que eles também foram agredidos e que não é possível afirmar que a conduta dos dois provocou a morte da idosa, já que o atendimento da unidade era precário e o quadro de saúde da idosa já era debilitado.
A Secretaria Municipal de Saúde afirma que o hospital contava com quatro vigilantes desarmados.