Vasco denuncia detenção de jovem de 14 anos do clube pela PM

Atleta do remo, que é negro, foi abordado dentro de um ônibus a caminho do Morro do Tuiutí, acusado de furtar um celular e foi enquadrado como 'adolescente infrator'

Por Guilherme Faria (sob supervisão)

Vasco denuncia detenção de jovem de 14 anos do clube pela PM
Vasco criticou detenção de jovem de 14 anos que atua no remo do clube
Matheus Lima /Vasco da Gama

Um atleta de 14 anos da base do remo do Vasco da Gama foi apreendido por agentes da Polícia Militar quando voltava para casa após o treino, na última segunda-feira (15). O jovem, que é negro, foi abordado dentro de um ônibus a caminho do Morro do Tuiutí, na Zona Norte do Rio.  

Segundo o clube, que denunciou o caso nas redes sociais, o adolescente foi acusado de furtar um celular e foi enquadrado como "adolescente infrator". Apesar de ter se apresentado como atleta do Vasco, o clube afirma que o fato foi desconsiderado pela PM.  

O vice-presidente do Vasco, Carlos Roberto Osório, afirmou que o adolescente só conseguiu contato com a mãe por volta de meia-noite e que o clube acionou o departamento jurídico para representar o atleta no caso:  

"Ele só teve condições de fazer contato com a sua mãe por volta de meia-noite, e, a partir daí, ela veio nos procurar com esse relato e uma preocupação justa, pelo constrangimento que o filho sofreu, e com a possibilidade de esse jovem ficar com o nome sujo, com uma anotação policial sem nenhuma justificativa. Imediatamente o Vasco da Gama acionou seu corpo jurídico. Os advogados do Vasco estão, hoje, na delegacia, para levantar todas as informações do caso e tomar as medidas necessárias para que o nosso atleta tenha o seu nome limpo e discutindo, também, uma possível reparação a ele e a essa família"

Procurada, a Polícia Militar afirmou que abriu um procedimento apuratório para analisar a conduta dos policiais e disse que não compactua com qualquer tipo de ato discriminatório cometido por agentes.  

Segundo a corporação, quatro adolescentes foram apreendidos no coletivo, da linha 472, suspeitos de furto na Avenida Presidente Vargas, no Centro do Rio. Com o grupo, dois celulares foram encontrados e devolvidos às vítimas.

Ainda de acordo com a PM, uma das vítimas disse que não formalizaria a denúncia por morar na mesma comunidade dos suspeitos. A outra foi até a delegacia e não reconheceu os envolvidos como autores do furto.  

Em nota, a Polícia Civil afirmou que não houve registro contra os adolescentes, por não haver elementos suficientes para o flagrante. A instituição confirmou que todos os adolescentes foram liberados.  

Em dezembro, a Justiça do Rio restringiu a apreensão de menores em operações nas praias apenas a casos de flagrante. À época, a juíza Lívia de Maria e Mesquita, da Vara da Infância e da Juventude, destacou que, ao realizar o recolhimento sem flagrante e sem ordem judicial, o Estado e o Município violam direitos fundamentais.

O Governo do Estado e a Prefeitura recorreram da decisão, que foi revogada.

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