Um atleta de 14 anos da base do remo do Vasco da Gama foi apreendido por agentes da Polícia Militar quando voltava para casa após o treino, na última segunda-feira (15). O jovem, que é negro, foi abordado dentro de um ônibus a caminho do Morro do Tuiutí, na Zona Norte do Rio.
Segundo o clube, que denunciou o caso nas redes sociais, o adolescente foi acusado de furtar um celular e foi enquadrado como "adolescente infrator". Apesar de ter se apresentado como atleta do Vasco, o clube afirma que o fato foi desconsiderado pela PM.
O vice-presidente do Vasco, Carlos Roberto Osório, afirmou que o adolescente só conseguiu contato com a mãe por volta de meia-noite e que o clube acionou o departamento jurídico para representar o atleta no caso:
"Ele só teve condições de fazer contato com a sua mãe por volta de meia-noite, e, a partir daí, ela veio nos procurar com esse relato e uma preocupação justa, pelo constrangimento que o filho sofreu, e com a possibilidade de esse jovem ficar com o nome sujo, com uma anotação policial sem nenhuma justificativa. Imediatamente o Vasco da Gama acionou seu corpo jurídico. Os advogados do Vasco estão, hoje, na delegacia, para levantar todas as informações do caso e tomar as medidas necessárias para que o nosso atleta tenha o seu nome limpo e discutindo, também, uma possível reparação a ele e a essa família"
Procurada, a Polícia Militar afirmou que abriu um procedimento apuratório para analisar a conduta dos policiais e disse que não compactua com qualquer tipo de ato discriminatório cometido por agentes.
Segundo a corporação, quatro adolescentes foram apreendidos no coletivo, da linha 472, suspeitos de furto na Avenida Presidente Vargas, no Centro do Rio. Com o grupo, dois celulares foram encontrados e devolvidos às vítimas.
Ainda de acordo com a PM, uma das vítimas disse que não formalizaria a denúncia por morar na mesma comunidade dos suspeitos. A outra foi até a delegacia e não reconheceu os envolvidos como autores do furto.
Em nota, a Polícia Civil afirmou que não houve registro contra os adolescentes, por não haver elementos suficientes para o flagrante. A instituição confirmou que todos os adolescentes foram liberados.
Em dezembro, a Justiça do Rio restringiu a apreensão de menores em operações nas praias apenas a casos de flagrante. À época, a juíza Lívia de Maria e Mesquita, da Vara da Infância e da Juventude, destacou que, ao realizar o recolhimento sem flagrante e sem ordem judicial, o Estado e o Município violam direitos fundamentais.
O Governo do Estado e a Prefeitura recorreram da decisão, que foi revogada.