Caso Flordelis: filha diz que pastor estaria vivo se ex-deputada quisesse

Filha adotiva de Flordelis, Roberta Santos afirmou que a ex-deputada era 'soberana na casa' e que Anderson do Carmo só foi assassinato pois ela permitiu

Por Thuany Dossares

Julgamento da ex-deputada Flordelis chega ao quarto dia Brunno Dantas/TJRJ
Julgamento da ex-deputada Flordelis chega ao quarto dia
Brunno Dantas/TJRJ

O julgamento da ex-deputada federal Flordelis já chega ao quarto dia, ainda sem perspectiva de término. Apenas nesta quinta-feira (10) foram encerrados os depoimentos das 13 testemunhas de acusação. As testemunhas de defesa começaram a ser ouvidas durante a tarde.

A primeira a ser ouvida nesta quinta-feira foi Roberta Santos, filha afetiva de Flordelis, que começou a depor por volta de 9h40 e pediu para que a mãe se retirasse da sessão para que ela falasse.

A testemunha de acusação afirmou em juízo que se a ex-deputada quisesse o pastor Anderson do Carmo vivo, ele com certeza estaria vivo.

“O Niel (apelido da vítima) estaria vivo se ela quisesse ele vivo. Se 99% da casa quisesse ele morto e ela quisesse ele vivo, ele estaria vivo, porque ela era soberana naquela casa, ninguém fazia nada que ela não quisesse. Então ele só foi assassinado porque ela permitiu”, declarou Roberta.

Questionado se ela achava que Flordelis foi a mandante do crime, Roberta respondeu que “com certeza”.

Flordelis foi denunciada como a mandante da morte do marido, o pastor Anderson do Carmo. Além da ex-parlamentar, três filhos dela e uma neta também estão no banco dos réus. São eles: Simone dos Santos Rodrigues, filha biológica de Flordelis, a filha dela Rayane dos Santos Oliveira, e os filhos afetivos da ex-deputada André Luiz Oliveira e Marzy Teixeira da Silva.

Neta afirma que Flordelis era manipuladora

A segunda a prestar depoimento foi Rebeca Vitória Rangel Silva, neta da ex-parlamentar. Ela contou que logo após o crime, uma amiga da avó Paula Barros, conhecida como Paula do Vôlei, foi para a casa da família e passou a instruir como as pessoas deveriam prestar depoimento na Delegacia de Homicídios de Niterói, que estava investigando o caso. De acordo com Rebeca, a orientação era apenas falar à polícia coisas que ajudassem a Flordelis.

“Ela sentava com a gente frente a frente, como se ela fosse a delegada e eu estivesse prestando depoimento e falava o que a gente deveria falar na DH, tinha que falar só o que ajudasse ela (Flordelis). A Paula disse que eu não poderia falar que o Ramon catou as cápsulas da arma no chão, nem que achava que a Flordelis era mandante, era só para falar que ela jamais faria nada”, narrou Rebeca.

Rebeca ainda afirmou que a avó era manipuladora e falou sobre o medo que Flordelis e alguns filhos e netos ficaram da polícia ir na casa.

Os depoimentos das testemunhas de acusação se encerraram com a oitiva de Erica dos Santos de Souza, filha afetiva de Flordelis.

Ela afirmou que estava no quarto da Simone com a irmã Olga, quando Simone e Rayane entraram com dois celulares, logo após o crime. Segundo ela, um aparelho foi deixado no parapeito da janela e outro no closet, mas que elas não disse de quem eram os celulares. Logo depois ela soube que os telefones do pastor e de Flávio haviam sumido.

Testemunhas de defesa começam a ser ouvidas

Apenas no quarto dia de julgamento as testemunhas de defesa começaram a ser ouvidas. A primeira delas foi Thayane Dias, filha afetiva da ex-parlamentar, que começou a depor às 12h50.

Ela narrou que o pastor abusou da filha Rafaela no quarto enquanto ela estava de camisola e que ele era rude com os filhos e não se importava com a família.

A estratégia dos advogados dos réus é levar ao júri acusações de violências físicas e sexuais supostamente cometidas por Anderson do Carmo. Em um vídeo gravado no Complexo Penitenciário de Gericinó, e divulgado no último sábado, Flordelis detalha os episódios.

Thayane ainda afirmou que nunca viu colocarem remédios na comida do pastor e nem nunca ouviu falar em episódios de envenenamento. No entanto, ela confirmou que Lucas já havia lhe confidenciado que Marzy tinha procurado ele para matar Anderson.

Além de Thayane, mais 13 pessoas foram arroladas pela defesa para prestarem depoimento.

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