Caso Patrícia Amieiro: testemunha afirma que recebeu proposta de R$ 30 mil para não depor

A engenheira voltava de uma festa e teve o carro fuzilado por policiais militares na Barra da Tijuca

Da redação

Caso Patrícia Amieiro: testemunha afirma que recebeu proposta de R$ 30 mil para não depor
A engenheira voltava de uma festa e teve o carro fuzilado por policiais militares na Barra
Reprodução

A testemunha-chave da morte da engenheira Patrícia Amieiro afirma que um homem chegou a oferecer entre R$ 30 mil e 40 mil para que ela sumisse e não comparecesse ao Tribunal do Júri. A sessão está marcada para a próxima terça-feira (11).  

Nesta sexta (7), a testemunha conversou com a reportagem da BandNews FM e falou sobre o crime que aconteceu em junho de 2008. A engenheira voltava de uma festa e teve o carro fuzilado por policiais militares na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio.  

O taxista que presenciou o caso revelou que recebe ameaças e que tem um ritual antes de chegar em casa para ter certeza que não está sendo perseguido. A testemunha contou que foi procurada após prestar depoimento ao Ministério Público.  

Infelizmente meus dados vazaram para pessoas que, se essas pessoas têm condições de sumir com o corpo de uma menina de 19, 20 anos, essas pessoas são capazes de quase tudo nesse mundo. Eu estava em casa, foram logo 15 a 20 dias depois do meu depoimento ao Ministério Público. E quando eu estava saindo do condomínio, eles não puderam entrar, porque era um condomínio fechado, então estava um carro lá fora. Quando eu saí, uma pessoa chegou, eu falei, pois não, aí um momentinho, uma palavrinha única, eu falei, sim, essa pessoa chegou próximo a mim e falou comigo que ela fazia parte do processo. Ele só falou para mim, eu faço parte do processo. E queria te perguntar o que você precisa para que a gente possa resolver contigo E você não precisa fazer muita coisa não, é só você não aparecer mais. Falou comigo em torno de R$ 30 mil a R$ 40 mil. Muito medo porque eu senti que se naquele momento ele tivesse conversando comigo ele poderia sacar uma arma e me dar quatro, cinco, seis tiros.

A Justiça do Rio não conseguiu intimar o taxista, após o cartório da 1ª Vara Criminal reconhecer que não tinha os dados da testemunha-chave. O TJRJ colocou a responsabilidade no Ministério Público.  

No entanto, segundo o MP, o cartório responsável não armazenou os dados corretamente. O órgão ainda garantiu que adotou providências administrativas para apurar a responsabilização sobre o desaparecimento dos dados da testemunha.

Por outro lado, o Tribunal de Justiça do Rio afirma que não há indícios de que o cartório tenha perdido os dados de qualificação.

Depois que o sumiço dos dados foi revelado, a testemunha voltou a procurar a BandNews FM. O taxista garantiu a presença no julgamento mesmo sem ter sido intimado e, pela primeira vez, vai contar tudo que viu diante do tribunal.

A testemunha-chave, revelada pela BandNews FM, presenciou o momento em que os PMs dispararam contra a vítima. O taxista também contou que viu os agentes tirarem a engenheira com vida de dentro do carro.  

Quando ele pegou ela pelo braço e ele puxou as duas pulseiras, eu não sei se era pulseira e relógio ou pulseira, ou duas pulseiras, era uma pulseira e relógio, algo arrebentou ali, que escorregou da mão dele. Esse policial caiu sentado, levantou, pegou o braço dela de novo e puxou. Nesse momento que ele puxou, pela segunda vez, aí sim, o corpo dela, até a altura da cintura, saiu para fora do carro. Ela estava viva, ela limpou o nariz, o morto não limpa o nariz.

Enquanto isso, o taxista relata que chega a dar pelo menos duas voltas antes de entrar em casa para ter certeza que ninguém está atrás dele.

Hoje eu vivo com medo, eu vivo não trabalhando bem, porque eu saio de casa para trabalhar, eu volto, antes que eu chegar em casa eu tenho que parar, eu tenho um ritual para chegar onde eu estou morando, eu tenho que parar o carro, eu dou duas voltas antes, vendo se tem alguma coisa ao meu redor, eu chego, antes de eu entrar, eu saio do carro, vou bater os tapetes do carro, para ver se tem alguém por perto.

O primeiro júri popular, realizado em dezembro de 2019, levou à condenação dos policiais Fábio da Silveira Santana e Márcio de Oliveira Santos a três anos de prisão apenas por fraude processual, já que teriam alterado a cena do crime. Já os policiais Marcos Paulo Nogueira Maranhão e Willian Luís do Nascimento foram absolvidos.

Os quatro policiais envolvidos no caso seguem em liberdade e continuam ativos na Polícia Militar, recebendo salários de até 13 mil reais.

Em nota, a PM disse que os agentes condenados no caso seguem afastados do serviço externo, realizando funções administrativas, enquanto respondem a um processo que corre no Conselho Disciplinar da Corregedoria da Corporação.

A defesa dos quatro policiais militares afirmou que a testemunha-chave não poderá ser ouvida no Tribunal do Juri. Segundo o advogado dos acusados, não há possibilidade de se produzir uma prova diferente das que foram apresentadas no primeiro júri. 

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