Castro inicia mandato com desafio de equilibrar contas e garantir estabilidade

Cenário político fragilizado prejudica economia fluminense. Desde 1985, o estado foi o que menos cresceu

Por Pedro Dobal

Castro inicia novo mandato com desafio de equilibrar as contas com estabilidade Agência Brasil
Castro inicia novo mandato com desafio de equilibrar as contas com estabilidade
Agência Brasil

Não é de hoje que o Rio de Janeiro enfrenta uma situação econômica desafiadora. Desde 1985, o estado foi o que menos cresceu. Enquanto o PIB nacional subiu 2,3% ao ano em um intervalo de 35 anos, o Rio registrou um crescimento de apenas 1,5%.

O resultado é atribuído a dois fatores. A mudança da capital federal para Brasília afastou as grandes empresas e o cenário político fragilizado fez o estado perder ainda mais importância econômica.

Em um período de quatro anos, cinco dos oito ex-governadores vivos foram presos em diferentes situações. E Cláudio Castro, que assumiu o cargo após o impeachment do ex-juiz Wilson Witzel, começa outro mandato daqui a duas semanas denunciado por uso da máquina pública para fins eleitorais e compra de apoio político. O Ministério Público Eleitoral pediu ao Tribunal Regional Eleitoral a cassação da chapa.

Para a economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas Juliana Trece, a atração de investimentos para o Rio depende da garantia de estabilidade.

Centro do escândalo da folha de pagamentos secreta, a Fundação Ceperj deve ter um orçamento três vezes maior no ano que vem. O projeto de lei orçamentária anual, que deve ser votado pela Alerj nesta semana, aumenta as despesas do órgão de R$ 38 milhões para quase R$ 123 milhões. Enquanto isso, a verba destinada para gastos com transporte sofrerá redução.

O economista e professor da UFRJ Mauro Osório destaca que investir em infraestrutura é essencial para recuperar a economia fluminense.

Para o professor Mauro Osório, o Rio de Janeiro também tem nas mãos uma grande oportunidade de alavancar a atividade econômica por meio da atração de fornecedores do setor de petróleo e gás.

A redução do ICMS sobre os combustíveis, que o governador Cláudio Castro prometeu manter, é outra questão que pode afetar a economia do Rio no ano que vem. Hoje, o imposto é a principal fonte de arrecadação do Estado, responsável por mais de um terço das receitas. Segundo o Governo, R$ 2,86 bilhões foram perdidos com a mudança, mas a expectativa é que esse valor seja abatido da dívida com a União.

O estado é o que mais deve ao Governo Federal. São mais de R$ 140 bilhões. Neste ano, porém, o Rio conseguiu um alívio nas contas: aderiu ao novo Regime de Recuperação Fiscal após uma série de entraves e garantiu um prazo mais flexível para pagamento. A economista Juliana Trece conta que, sem o acordo, a capacidade de investimento seria muito prejudicada.

O cenário para 2023 não é dos melhores, o que também não é novidade para os moradores do Rio. Depois de uma pandemia que arrefeceu a economia de todo o planeta, o setor de serviços é o que tem puxado a retomada do estado, mas a recuperação é mais lenta do que no restante do país.

A projeção da Firjan para o PIB do Rio neste ano é de 2,5%. Para o ano que vem, a previsão é de apenas 0,6%. Mudar esse cenário vai exigir do governador e dos prefeitos capacidade de diálogo com os diferentes setores e habilidade na interlocução com o Governo Federal, para trazer o estado que é cartão postal do país de volta ao protagonismo na economia nacional.

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