
Dos quase 2.400 monumentos existentes na cidade do Rio, 90% deles estão depredados. A estimativa é do grupo SOS Patrimônio, que faz um trabalho voluntário para acompanhar a restauração das peças e denuncia os atos de vandalismo. Para Marconi Andrade, arqueólogo e fundador do grupo, toda vez que uma parte é furtada, perde-se um pedaço da história da cidade e do Brasil.
E perde-se parte da história literalmente: o Monumento ao General Osório, também no Centro, foi feito com o bronze derretido dos canhões apreendidos pelo Brasil na Guerra do Paraguai entre 1864 e 1870. E hoje também consta na lista das peças furtadas que acabam se perdendo em ferros-velhos ilegais.
Outro exemplo é o monumento em homenagem ao Marechal Deodoro da Fonseca, que fica no Centro do Rio. As peças, como as placas de bronze, por exemplo, são constantemente alvos dos criminosos. O motorista de aplicativo Adriano Kelly afirma que ao longo dos anos foi reparando que a cada dia que passa uma parte some.
A estátua de Carlos Drummond de Andrade, em Copacabana, por exemplo, já teve os óculos furtados 12 vezes. E o processo de restauração dessas peças é longo, já que, no geral, envolve uma série de burocracias, como mapeamento de danos, análise do projeto de restauração, orçamento e licitação para executar o serviço. No caso dos óculos de Drummond que foram furtados pela última vez em abril, a previsão é de que sejam colocados novamente em agosto.
A Prefeitura do Rio já planeja uma série de ações de restauração dessas peças, considerando a importância histórica que elas têm para a cidade, como explica a secretária de Conservação Anna Laura Secco.
A prioridade agora são cerca de 15 monumentos ligados aos 200 anos da independência do Brasil, incluindo peças que ficam na Praça XV, no Centro, e na Quinta da Boa Vista, em São Cristóvão, na zona norte. Todos eles devem ser entregues restaurados até o dia 6 de setembro. Depois, gradualmente, a prefeitura planeja revitalizar e recuperar outros monumentos da cidade.