Três cidades brasileiras estão entre as dez com maior tempo médio de viagem no transporte público no mundo. Os dados são do aplicativo Moovit, que analisou viagens realizadas por transportes integrados com a tecnologia da empresa em 2022. O Rio de Janeiro é o quarto pior município no ranking, que envolve outras 98 cidades de 24 países. A capital fluminense registrou tempo médio de viagem de 67 minutos.
Istambul, na Turquia; Cidade do México e Bogotá, na Colômbia, são as três cidades com maior tempo médio de viagem, segundo o levantamento. Recife aparece como a sétima da lista, e São Paulo, a nona.
Para o diretor da FGV Transportes, Marcus Quintella, um dos principais problemas é a falta de integração física e tarifária dos modais de transporte no país. Para ele, não surpreende que as cidades brasileiras apareçam em listas negativas sobre mobilidade.
"Esse estudo reflete a péssima qualidade da mobilidade urbana das cidades brasileiras. Não surpreende que Rio de Janeiro, Recife e São Paulo estejam entre as dez piores com maior tempo médio de viagem. Belo Horizonte, Porto Alegre e Salvador não aparecem nessa lista, por exemplo, mas também são cidades com desempenho negativo nesse sentido. Isso é devido às cidades não possuírem uma rede de transporte de massa, uma rede metroferroviária, que possam atender todos os grandes corredores. Nós temos problema de integração. Não há integração física e tarifária. A desordem na mobilidade urbana causa tudo isso.", diz Quintella.
Já em relação à porcentagem de pessoas que fazem trajetos em duas horas ou mais, o Rio de Janeiro pula para a terceira posição, com 11,73% das viagens com essa duração. Em trajetos de uma a duas horas, a capital paulista é a quinta no índice.
Recife é a quarta cidade com maior tempo de espera para realizar uma viagem em dias úteis, com tempo médio de 27 minutos. Belo Horizonte, Brasília, Salvador, Campinas e Rio de Janeiro também aparecem na lista das dez cidades com o pior resultado.
Para o gerente de comunicação do Moovit, Marcelo Tavela, os dados oferecem um caminho para a busca de uma solução para os problemas do transporte público no Brasil.
"Uma serie de razões levam a esse debate sobre o transporte público, principalmente a forma como o transporte público é organizado. Não podemos ignorar a pandemia de Covid-19 e o impacto direto às empresas de ônibus. Pensando em solução, acho que os dados podem mostrar a necessidade real dos passageiros. A tecnologia pode dar uma resposta pra isso.", afirma Tavela.
Na pesquisa, a Moovit também perguntou o que pode influenciar as pessoas a usarem mais o transporte público. Para 24% dos passageiros, o aumento na frota é necessário para reduzir o tempo de espera. 21% dos entrevistados responderam que a queda no preço das tarifas pode aumentar o porcentual de pessoas que utilizam modais públicos. Além disso, para 16% deles, cronogramas de horário das viagens ajudariam no crescimento da demanda pelo transporte público.
Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, é o único município brasileiro que aparece entre as dez cidades com o maior porcentual de pessoas que não precisam trocar de transporte em uma viagem.
