Comissão Nacional de Energia Nuclear e Ibama fiscalizam Angra 1

Caso foi revelado pela BandNews FM duas semanas após o ocorrido, mas as autoridades só foram comunicadas oficialmente pela companhia três semanas depois

Por Pedro Dobal

Comissão Nacional de Energia Nuclear e Ibama fiscalizam Angra 1
Comissão Nacional de Energia Nuclear e Ibama fiscalizam Angra 1
Divulgação/Eletronuclear

Técnicos da Comissão Nacional de Energia Nuclear e do Ibama realizaram uma inspeção na usina Angra 1, em Angra dos Reis, Costa Verde Fluminense, para apurar o vazamento de 90 litros de água contaminada no mar da região, em setembro do ano passado. A vistoria começou na terça-feira (4) e terminou nesta quarta (5).

Membros do Ministério Público Federal, do Instituto Estadual do Ambiente e do Instituto de Radioproteção e Dosimetria também foram convidados para acompanhar os trabalhos.  Segundo a Eletronuclear, responsável pela usina, a fiscalização visa garantir a segurança e transparência das operações da empresa.

O caso foi revelado pela BandNews FM duas semanas após o ocorrido, mas as autoridades só foram comunicadas oficialmente pela companhia três semanas depois.

A empresa foi multada pelo Ibama em R$ 2,1 milhões pelo descarte irregular de substância radioativa e por não ter comunicado o caso imediatamente. Relatórios confirmaram que o acidente foi provocado pela corrosão do sistema de contenção de vazamentos, mas não houve dano à saúde da população no entorno da usina.

Um inquérito aberto pela Polícia Federal ainda em setembro, antes da comunicação oficial pela Eletronuclear, também apura as circunstâncias do vazamento.

No fim de abril, chega ao fim o prazo da Justiça Federal para a empresa realizar uma avaliação completa dos possíveis danos causados pelo ocorrido. A decisão atendeu a um pedido do Ministério Público Federal, que acusa a Eletronuclear de tentar esconder o vazamento.

Em nota, a empresa reafirmou o compromisso com os mais rigorosos padrões de segurança e qualidade em suas operações e disse que está à disposição dos órgãos fiscalizadores para esclarecer qualquer questão. Um processo interno foi aberto pela diretoria executiva para apurar se houve alguma falha na comunicação do vazamento.

Procurada pela BandNews FM em setembro, a Eletronuclear negou o ocorrido. Depois, mudou a versão e admitiu a liberação não programada de um pequeno volume de água contendo substâncias radioativas, mas o caso foi tratado como incidente operacional porque os valores estavam abaixo dos limites da legislação que caracterizam a ocorrência de um acidente.

A usina nuclear Angra 1 foi a primeira a entrar em operação comercial no Brasil, em 1985. Ela gera energia suficiente para suprir uma cidade de 1 milhão de habitantes.

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