Cresce em 22% número de casos de violência virtual contra mulheres

De janeiro a julho deste ano, foram registrados 704 casos, 157 a mais do que no mesmo período do ano passado

Por Jeane Moraes (sob supervisão)

Cresce em 22% número de casos de violência virtual contra mulheres
Cresce em 22% número de casos de violência virtual contra mulheres
Divulgação

Um levantamento da CPI de Combate a Violência Cibernética da Assembleia Legislativa do Rio mostrou um aumento de 22% desse tipo de crime no estado no primeiro semestre de 2023, na comparação com mesmo período no ano passado.  

Os dados foram apresentados, nesta quinta-feira (03).  

De acordo com a comissão, de janeiro a julho deste ano, foram registrados 704 casos, 157 a mais do que no mesmo período do ano passado, que teve 547 ocorrências.  

Ainda de acordo com a Alerj, ameaça, injúria e perseguição estão entre os principais delitos registrados. As delegacias que tiveram mais denúncias computadas foram as do Centro do Rio; de Nova Iguaçu, na Baixada; e Volta Redonda, no Sul Fluminense.  

A jovem Julia Fernandes, de 23 anos, sofre perseguições do ex-namorado pelas redes sociais. Ela terminou o relacionamento após descobrir uma traição. Desde então, o ex-companheiro faz questão de se mostrar presente pela internet. Julia considera a situação atormentadora.  

 Começaram a surgir situações como aparecer contas falsas no meu Instagram, eu comecei a receber mensagens. Às vezes eu recebia SMS como se fosse da minha operadora, e quando eu clicava no link para pagar uma conta ou algo do tipo, ia direto pro link do perfil dele para tentar mexer comigo. Recentemente eu recebi uma mensagem por Whatsapp de um número desconhecido se passando por um outro nome tentando fazer umas brincadeiras psicológicas comigo, e me ligando por áudio com distorção de voz para saber se estou solteira, em que país estou, o que tenho feito. Tem acontecido constantemente, mas como é algo que não é a primeira vez, eu já estou acostumada e eu só bloqueio, mas de início foi bem estressante.

Uma outra jovem de 21 anos, que não quis ser identificada, passou por uma situação parecida. Ela destaca que foi perseguida nas redes sociais por um ex-colega de classe. A vítima conta que se sentiu desprotegida.  

Tudo começou com uma mensagem no Instagram muito estranha, e essa pessoa queria que eu entrasse em contato com ela para pedir desculpas porque ela tinha um sentimento por mim e eu não quis corresponder esse sentimento. Nesse primeiro momento eu me senti muito desprotegida, muito ameaçada mesmo, mas isso passou. E aí eu realmente esqueci. Um ano depois, ele conseguiu acessar um perfil de uma loja online que eu tinha e começou a comentar marcando o perfil dele com o nome dele e o meu. Ele criou um perfil falso com o nome dele e o meu nome, e começou a comentar as postagens da minha loja marcando o perfil pessoal dele.

A presidente da CPI, deputada Martha Rocha, do PDT,  propôs um projeto de lei, durante sessão realizada nesta quinta-feira (03), com o objetivo de facilitar as denúncias das vítimas nas delegacias.

A minha sugestão à CPI foi a da apresentação de um projeto de lei que crie um protocolo de atendimento às mulheres vítimas de violência de crimes praticados no ambiente virtual. Com isso, a gente quer uniformizar um atendimento de qualidade que possa ser empregado em qualquer delegacia, esteja ela na delegacia de crimes de informática, na delegacia de mulher ou numa delegacia distrital. 

Durante a sessão também foi apresentado o projeto de lei que tem como objetivo acelerar o processo de desbloqueio da senha dos perfis criminosos. Foi constatado que, atualmente, a perícia pode levar até 360 dias.  

Ainda de acordo com a Alerj, para isso, equipamentos mais modernos seriam essenciais.

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