As duas crianças negras que viralizaram nas redes sociais recebendo uma banana e um macaco de pelúcia de duas influenciadoras digitais prestaram depoimento, acompanhadas dos responsáveis, na Delegacia de Alcântara, São Gonçalo, Região Metropolitana do Rio.
De acordo com o delegado Luís Armond, o próximo passo é colher o depoimento de Kerollen Cunha e Nancy Gonçalves, que ainda não foram localizadas. As investigações ocorrem em paralelo à Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância.
Armond chegou chegou a comparar o caso ao de Gabriel Monteiro: presentes em troca de gravações de vídeos.
Os responsáveis do menino que viralizou disseram que as roupas que estão nele no vídeo "Dia de Príncipe" foram devolvidas à loja após a gravação. Os pais também afirmaram que as influenciadoras acompanham a criança, que vende bala na rua, há algum tempo, oferecendo sempre a mesma proposta.
Até agora, o Ministério Público do Rio já recebeu mais de 1.000 denúncias sobre o caso, que partiu de uma advogada especializada em direito antidiscriminatório, Fayda Bello. Ela chamou a situação de racismo recreativo, quando a discriminação é usada como forma de diversão.
Pelas redes sociais, em uma nota à imprensa, Kerollen e a filha, Nancy, afirmaram que o vídeo viralizado é apenas um trecho e foi tirado de contexto. Elas também disseram que repudiam qualquer ato de racismo e que essa não foi a intenção do vídeo.
Em uma investigação separada, a Delegacia de Crimes Raciais ainda apura um caso em que as influenciadoras teriam humilhado um motorista de aplicativo, em 2021. Na gravação, as duas diziam que o carro do motorista tinha cheiro ruim e, uma delas, chega a afirmar que o motivo seria o cabelo dele. Após a polêmica, a publicação foi retirada do ar. Kerollen e Nancy ainda chegaram a gravar um outro vídeo, com o suposto motorista, onde comentavam que tudo foi combinado com ele.