Criminosos cobravam até 6 mil reais dos feirantes que atuavam na feira de Acari, na Zona Norte do Rio. Os pagamentos eram exigidos em troca de cada ponto no local, e quantias menores também eram solicitadas a cada domingo para a montagem das barracas.
O funcionamento da feira foi proibido pela Prefeitura do Rio em um decreto publicado na terça-feira (22).
Um relatório de inteligência elaborado pela Secretaria Municipal de Ordem Pública enviado à Polícia Militar reforça que os produtos comercializados no local, abaixo do preço de mercado, são fruto de roubo de cargas.
Nesta quarta-feira (24), representantes da PM e da Seop se reúnem para planejar as ações que serão realizadas para impedir o funciohnamento da feira.
Os trabalhadores da Feira de Acari, na Zona Norte, que quiserem atuar de forma legalizada devem se cadastrar e seguir os trâmites já previstos pela Secretaria Municipal de Ordem Pública, segundo a Prefeitura do Rio.
Nesta terça-feira (23), foi publicado no Diário Oficial do Município o decreto que proíbe o funcionamento da feira na Avenida Pastor Martin Luther King. O texto ressalta que relatórios de inteligência da Seop apontaram o que muitos cariocas já sabiam: que os produtos comercializados no local, abaixo do preço de mercado, são fruto de roubo de cargas.
O decreto ainda lembra que a feira ocupa pelo menos uma faixa da via aos domingos e dificulta a passagem dos pedestres. Além disso, quiosques irregulares e barracas de churrasco operam sem respeitar o regulamento sanitário.
O secretário municipal de Ordem Pública, Brenno Carnevale, afirma que a fiscalização vai ser feita em parceria com a Polícia Militar.
Apesar da presença no bairro há décadas, a Prefeitura alega que a feira nunca teve autorização para funcionar. O local, também conhecido como Feira do Rolo ou Robauto, é tão tradicional que foi tema de músicas de Jorge Ben Jor, Zeca Pagodinho e do funkeiro MC Batata.
Um morador da região, que prefere não se identificar, afirma que no local também há trabalhadores honestos, que têm na feira o ganha-pão.
Vídeos que circulam pelas redes sociais mostram a variedade dos produtos comercializados. Em um deles, é possível ver um pacote de camarão sendo vendido por apenas 10 reais. Os feirantes também oferecem itens como fogão, máquina de lavar, ar-condicionado e video game por preços que chegam à metade do valor praticado no mercado.
A Seop diz que monitora outros pontos do Rio de Janeiro onde a prática também acontece e dialoga com os demais órgãos de segurança para planejar ações nesses locais.
Em nota, a Polícia Militar se limitou a dizer que segue à disposição para apoiar os demais órgãos envolvidos em ações de ordenamento urbano.
Em todo o ano passado, o Instituto de Segurança Pública registrou mais de 3.200 casos de roubos de carga no estado.