Apesar de não entender, em um primeiro momento, que houve erro de procedimento, a Defensoria Pública do Rio prometeu acionar a Corregedoria do órgão para avaliar a conduta da defensora responsável pelo caso da pequena Maria Sofia Flora. A criança foi brutalmente assassinada pela mãe e pelo padrasto, após sessões de tortura, setes meses depois que o pai da bebê pediu ajuda ao órgão, afirmando que a filha corria risco de morte.
A afirmação de que uma investigação interna pode ser aberta é do coordenador da Defesa da Criança e do Adolescente da Defensoria Pública, Rodrigo Azambuja.
O pedreiro João Vítor Flora afirma que só foi atendido pela defensora, que não teve a identidade revelada, após ir três vezes ao órgão, implorar por ajuda.
A Defensoria entrou no caso em novembro do ano passado, quatro meses depois que o pai de Maria Sofia esteve no órgão pela primeira vez, em Arraial do Cabo, na Região dos Lagos.
O Ministério Público deu parecer contrário à possibilidade de que João Vítor pudesse ver a filha em uma ação. Em nota, o MP alegou que o pedido foi formulado sem a apresentação de documentos ou alegação de eventuais riscos à criança. O órgão ainda enfatizou que realizou um estudo psicológico que apontou para a necessidade de mãe e filha permanecerem juntas. Ainda segundo o MP, as razões da decisão não podem ser expostas, porque o processo é sigiloso.
A mãe, de 17 anos, estava com a filha em um abrigo, na Ilha do Governador. Apesar da recomendação de que a criança deveria ficar com ela, um documento interno, da própria unidade, indicava que ela deixava a filha assada, por não trocar as fraldas. No mesmo relatório, que consta nos autos do processo, uma funcionária do abrigo relata que o braço quebrado da criança estava com feridas sob o gesso, porque a mãe não limpava o local.
Maria Sofia teve o braço quebrado pelo padrasto, Mateus Monteiro, em uma das agressões sofridas pela criança.
A bebê morreu de traumatismo craniano, no dia 11 de fevereiro, após ficar quatro dias internada. A mãe e o padrasto da criança alegam que a menina sofreu uma convulsão. A hipótese já foi fechada pela investigação.
A Polícia Civil pediu a internação compulsória da jovem de 17 anos. No mesmo inquérito, foi pedida a prisão preventiva do padrasto da criança.
Maria Sofia foi enterrada no mesmo dia em que morreu, na Zona Portuária do Rio. Um mês após a morte da criança, o processo em que o pai pede para ver a filha, ainda corre na justiça. Já o pedido de guarda segue sem qualquer movimentação.