Os chefes de Estado que estiveram no Rio de Janeiro para a realização da Cúpula de Líderes do G20 saem do país com uma visão positiva da diplomacia brasileira e do desempenho do Itamaraty na condução dos trabalhos. A avaliação é de especialistas ouvidos pela reportagem da BandNews FM nesta quarta-feira (20), um dia após o encerramento da reunião das maiores economias do mundo, a União Europeia e a União Africana.
O lançamento da Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza, o início do debate sobre taxação progressiva de super-ricos e a redefinição da governança global, como a reforma do Conselho de Segurança da ONU foram definidos como os três principais legados deixados pela presidência rotativa brasileira para os próximos anos.
Com mais de 40 conflitos e guerras mundiais em andamento, reunir chefes de Estado em um momento da história do sistema e da ordem internacional não é simples, na visão do professor de Relações Internacionais, Sidney Leite.
É exatamente essa vitória da diplomacia brasileira. Os quadros técnicos do Itamaraty, ao longo de todo este ano, lutaram exatamente, perseguiram exatamente esse objetivo, e fazer um consenso.
A declaração final dos líderes mostrou preocupação com os conflitos e destacou a situação humanitária na Faixa de Gaza e definiu a situação como "catastrófica". Os países se uniram para pedir um cessar-fogo em Gaza. O texto também citou a escalada da violência no Líbano e lembrou o sofrimento humano causado pela guerra na Ucrânia.
Além disso, o professor de Relações Internacionais da ESPM, Leonardo Trevisan, destacou que a declaração não tinha sido publicada nas últimas quatro Cúpulas realizadas por falta de consenso. Ele também fala que a adesão da Argentina se deu, principalmente, após uma reunião bilateral de Javier Milei com o presidente da China, Xi Jinping.
Um contexto de muitos conflitos, de um ambiente muito pouco propício à cooperação entre os países. Temos uma guerra, talvez a guerra mais significativa, desde o final da Segunda Guerra Mundial, que é uma guerra que acontece no coração da Europa, entre a Rússia e a Ucrânia.
No entanto, com a certeza da mudança presidencial nos Estados Unidos para o ano que vem, muitos especialistas acreditam que os compromissos firmados em 2024 podem perder eficácia. O novo "arranjo" político com o presidente eleito Donald Trump pode influenciar as decisões.
Para o ano de 2025, o Brasil recebe outras duas grandes reuniões de chefes de Estado. Em janeiro, o país retoma a presidência do BRICS após seis anos e vai ter a responsabilidade de organizar o evento em território brasileiro. Já em novembro, a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) será realizada em Belém, no Pará.
Na avaliação de especialistas, a cidade do Rio de Janeiro desponta novamente como uma das favoritas para receber a reunião dos chefes de estado dos países que fazem parte do BRICS, principalmente pelo histórico de receber grandes eventos e pela realização da Cúpula de Líderes do G20.
Para o pesquisador-Associado ao Núcleo de Estudos dos Países BRICS da Universidade Federal Fluminense, Lier Pires Ferreira, os elementos jogam a favor da capital fluminense para ser escolhida.
Em termos de projeção internacional e relevância histórica, o Rio de Janeiro sempre desconta como favorita para receber eventos internacionais. Então o reconhecimento do Macron, que inclusive caminhou pelo calçadão de Copacabana, tirou foto com populares e de outros tantos chefes de Estado, colocam, sim, o Rio numa posição privilegiada para sediar o próximo encontro do BRICS.
No ano que vem, os países-membros do BRICS devem voltar a debater temas como reforma das instituições de governança global; promoção do multilateralismo; combate à fome e à pobreza; redução da desigualdade; e promoção do desenvolvimento sustentável. O lema da presidência brasileira será "Fortalecendo a Cooperação do Sul Global para uma Governança mais Inclusiva e Sustentável".
Uma das possibilidades é a realização da reunião entre junho e agosto para liberar o segundo semestre para a COP30. Em novembro, são esperados mais de 40 mil visitantes durante os principais dias da Conferência. Cerca de sete mil compõem a chamada "família COP", formada pelas equipes da ONU e delegações de países membros.