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Direção do Vasco se reúne para discutir interdição de São Januário

Em julgamento na quarta (30), o Tribunal de Justiça manteve, por 2 votos a 1, a proibição de público no estádio

Por Gustavo Sleman

Direção do Vasco se reúne para discutir interdição de São Januário
Estádio de São Januário
Daniel Ramalho/Vasco

A direção do Vasco se reúne, nesta quinta-feira (31), para discutir a interdição do estádio de São Januário pela Justiça do Rio e os impactos esportivos, econômicos e sociais impostos ao clube, à torcida do Vasco e aos moradores do entorno pela decisão. O encontro vai contar com o presidente do clube, Jorge Salgado, o 1º Vice-Presidente, Carlos Osorio, e o CEO da Vasco SAF, Lúcio Barbosa, além de membros da Associação de Moradores da Barreira do Vasco e vascaínos ilustres.

Em julgamento na quarta (30), o Tribunal de Justiça manteve, por 2 votos a 1, a proibição de público no estádio. A Segunda Câmara de Direito Privado entendeu que a medida deve ser mantida até a realização de perícia por questão de segurança dos torcedores. A relatora do caso, a desembargadora Renata Cotta e o desembargador Carlos Santos de Oliveira votaram contra a liberação.

O desembargador Fernando Foch, que presidia a sessão, chegou a dizer estar pronto para prender quem se comportasse "como numa arena" no tribunal e citou a "escória humana" na "cracolândia" e o número de pessoas em situação de rua para falar da forma como o futebol emociona.

Com a decisão, o Vasco pode realizar partidas com portões fechados. O Gigante da Colina pretende recorrer no Superior Tribunal de Justiça. Pela Internet, o governador Cláudio Castro disse que é urgente encontrar uma solução para que o time volte a jogar em casa e que é impensável que um clube com toda história que o Vasco tem esteja passando por tudo isso. Segundo ele, o Vasco, São Januário e Barreira do Vasco são patrimônios do povo brasileiro.

Já durante a noite e a madrugada, membros de uma torcida organizada estenderam faixas de protesto em frente às sedes do Tribunal de Justiça do Rio, da Ordem dos Advogados do Brasil no Rio, da Assembleia Legislativa, do Vasco e até mesmo de clubes rivais.

Segundo um estudo da Secretaria Municipal de Trabalho e Renda do Rio apontou que a interdição de São Januário provocou uma queda de 60% na receita mensal dos comerciantes da região. O levantamento foi realizado a partir de entrevistas e questionário na Internet. De acordo com a pesquisa, a receita de um vendedor autônomo nos arredores do estádio pode chegar a R$ 8 mil em dias de jogo.

São Januário está proibido de receber público desde o dia 22 de junho, quando torcedores atiraram sinalizadores no gramado após a derrota do time para o Goiás. Também houve tumulto do lado de fora do estádio. À época, o Superior Tribunal de Justiça Desportiva puniu o cruzmaltino com quatro jogos sem público, pena já cumprida. Porém, a Justiça comum e o Ministério Público do Rio pediram o fechamento do local.

Em relatório, o juiz Marcello Rubioli, do Juizado Especial do Torcedor e dos Grandes Eventos, causou polêmica ao citar que São Januário é cercada pela comunidade da Barreira do Vasco, onde, segundo ele, há "comumente estampidos de disparos de armas de fogo oriundos do tráfico de drogas lá instalado o que gera clima de insegurança para chegar e sair do estádio" e "ruas estreitas que sempre ficam lotadas de torcedores se embriagando antes de entrar no estádio". Ele também críticas à estrutura do estádio e disse que ele não tem condições de receber qualquer partida.

Os trechos causaram revolta no clube, em moradores do entorno e até mesmo em vereadores e deputados, que apontaram preconceito na forma de tratar o clube, a região e a torcida. Em nota e em recurso, na ocasião, o Vasco citou elitismo e apresentou cartas de moradores da Barreira, criticando a decisão.

Na última semana, o deputado federal Aliel Machado, do PV do Paraná, entrou com uma ação do Supremo Tribunal Federal para que o estádio voltasse a receber jogos com público. No texto, o parlamentar denuncia o Tribunal de Justiça do Rio de cometer racismo estrutural e cita o relatório do juiz Marcello Rubioli. Ele também argumentou que com a decisão, os moradores da região estão sendo punidos como culpados e que a medida deveria estar voltada às autoridades públicas que permitem o alto de número de casos de violência não apenas nas proximidades do Estádio, mas parte em grande parte do estado fluminense.

Além disso, o político afirma que o Vasco possui todos os laudos atualizados exigidos pela legislação mais recente e que já informou estar tomando todas as medidas preventivas ao seu alcance.

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