A direção da Eletrobras afirma acreditar na conclusão das obras da usina nuclear Angra 3, independentemente da inclusão do projeto no novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). O programa será lançado nesta sexta-feira (11) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante uma agenda no Rio de Janeiro.
Em uma teleconferência com representantes do mercado financeiro para comentar os resultados do segundo trimestre de 2023, o presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Júnior, disse acreditar na importância da usina para o país. No entanto, ele ponderou que a inclusão ou não do projeto no PAC é de competência do Governo Federal.
"A continuidade do processo não depende de incluí-lo no PAC", disse Ferreira Júnior.
Nos últimas dias, entidades do setor elétrico e a bancada do Rio de Janeiro na Câmara dos Deputados defendeu a entrada das obras no programa.
O presidente da Associação Brasileira para Desenvolvimento de Atividades Nucleares, Celso Rocha, acredita na necessidade de manutenção das obras, independentemente do PAC.
“Sem dúvidas, a conclusão das obras da Usina Angra 3 é de fundamental importância para o setor elétrico brasileiro. Independentemente de sua inclusão no PAC é prioritária”, diz.
já o vice-presidente da Frente Parlamentar de Energia da Câmara dos Deputados, Áureo Ribeiro, afirma que a expectativa de inclusão do projeto traz protagonismo.
“Importante a entrada de Angra três no PAC, primeiro por ser uma obra de soberania nacional, mas também pela geração de emprego e renda daquela população. Vão ser sete mil empregos gerados diretamente com a retomada de Angra 3. Então, nós defendemos aqui e acho que o Brasil tá acertando de colocar Angra três no PAC”.
A Eletronuclear estima que, caso entre em operação, a usina de 1.405 megawatts no centro de carga do país pode gerar energia equivalente a 60% do consumo de todo o estado.
Já foram empenhados pelo Ministério de Minas e Energia R$ 7 bilhões e 800 milhões para a conclusão do projeto. Segundo o Ministério de Minas e Energia, seriam necessários mais R$ 20 bilhões para a conclusão até 2029, já que ainda faltam 35% das ações.
Atualmente, o patamar do projeto é de "caminho crítico" - quando ainda há atividades estipuladas para que o empreendimento seja concluído no tempo previsto.
Os analistas demonstraram preocupação com impactos no balanço da Eletrobras, caso as obras fossem deixadas de lado. Já de acordo com números da Eletronuclear, o abandono do projeto custaria R$ 21 bilhões e 500 milhões aos cofres da subsidiária.
Inaugurada em 1980, a obra ficou parada por sete anos, após a revelação de irregularidades durante a Operação Lava Jato. Atualmente, as atividades são tocadas pela Eletronuclear, subsidiária da Eletrobras.
Em abril, a Prefeitura de Angra dos Reis, na Costa Verde, embargou as obras da usina de Angra 3. No mesmo mês, a Superintendência-Geral do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) sugeriu a condenação de 4 construtoras e 10 pessoas pela prática de cartel na licitação das obras.