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Polícia vai ouvir diretores de empresa suspeita de despejo irregular no Guandu

Galeria de águas pluviais da companhia tinha concentração do produto que interrompeu abastecimento duas vezes maior do que a tolerável pelas normas ambientais

Por Pedro Dobal

Polícia vai ouvir diretores de empresa suspeita de despejo irregular no Guandu
Empresa responsável por lançamento indevido é acusada de crime ambiental
Filipe Macon/BandNews FM

A empresa suspeita de despejar a substância que interrompeu o abastecimento de água no Rio de Janeiro pode ser multada em até R$ 50 milhões pelos órgãos ambientais. A informação é da Secretaria Estadual de Ambiente e Sustentabilidade.

A fábrica de Queimados, na Baixada Fluminense, fica próximo a um dos rios que deságuam no Guandu e pertence à marca de produtos de limpeza Limppano. A Burn Indústria e Comércio já foi interditada cautelarmente pela Prefeitura, mas a Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente também vai pedir a interdição judicial da empresa pelo crime de poluição hídrica. Sócios e diretores já foram intimados a prestar depoimento.

O despejo de surfactante, um composto presente nos detergentes, provocou a formação de espuma e paralisou a Estação de Tratamento do Guandu, em Nova Iguaçu, por mais de 13 horas. A concentração da substância chegou ao dobro do limite tolerável pelas normas ambientais.

Equipes da Cedae e do Inea coletaram amostras ao longo do Rio Guandu e, na galeria pluvial da fábrica, a concentração também era o dobro do previsto pela legislação.

Considerada a maior do mundo, a Estação de Tratamento do Guandu é responsável pelo abastecimento de 13 milhões de pessoas na capital e na Baixada Fluminense.

A produção de água foi interrompida na manhã de segunda-feira (28) e só foi restabelecida totalmente na madrugada de terça (29). O abastecimento pode levar até 72 horas para ser normalizado em todas as regiões atendidas pelo sistema.

Novas vistorias foram realizadas ao longo desta quarta-feira (30) em indústrias instaladas próximo ao Rio Guandu.

Procurada, a Burn afirmou que não há nenhuma relação entre a fábrica e a presença de material químico na bacia do Rio Guandu. A companhia disse que opera com tecnologia de ponta e de padrão internacional, seguindo os mais rigorosos procedimentos de controle, tem todas as licenças necessárias.

VEJA A ÍNTEGRA DA NOTA DA EMPRESA:

"A Burn recebe com surpresa e indignação as recentes manifestações de órgãos ambientais e de controle para a mídia. A empresa garante que não há nenhuma relação entre a fábrica de Queimados e a presença de material químico na bacia do Rio Guandu. A unidade sequer trabalha com tíner, como mencionado pelas autoridades sobre o cheiro da espuma. A empresa já solicitou contraprova a um laboratório especializado.

Em operação há 13 anos no Distrito Industrial de Queimados, na Baixada Fluminense, a fábrica jamais foi multada ou autuada por qualquer irregularidade ambiental – pelo contrário, a unidade possui todas as licenças necessárias para operar, estando sob monitoramento e controle permanentes das autoridades competentes. Somente no mês de agosto deste ano, foram três vistorias (dia 14 – INEA; dia 18 – Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Queimados; dia 28 – INEA e Secretaria) e não houve nenhuma constatação sobre despejo de rejeitos em galerias pluviais, nem mesmo a vistoria relativa à referida ação civil pública.

A unidade da Burn opera com tecnologia de ponta e de padrão internacional, seguindo os mais rigorosos procedimentos de controle, onde o manuseio da matéria-prima é automatizado e em ambiente de circuito fechado, ou seja, sem qualquer escoamento ou ligação com a rede pluvial. A empresa permanece à disposição das autoridades para os esclarecimentos que se façam necessários."

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